Ensaio Sobre um Negócio Entre as Pernas (ou Somente para mulheres - mas não demais!)
Em passeio pela orla de Fortaleza, minha irmã Gemille e eu apreciávamos coisas e pessoas - logicamente com diferentes perspectivas nos olhares sobre essas e aquelas.
Vimos o espigão da Praia de Iracema, com seu bancos e postes e parapeitos, adentrando ao mar sem lá chegar - porque construído sobre a antiga barreira de pedras de contenção das altas marés; vimos o calçadão entre a praia livre e a avenida coalhada de veículos em fluxo constante - que nem o mar; e observamos os altíssimos e modernos prédios (que continuam a ser edificados muito) próximos do Atlântico - e nos quais eu não moraria por puro medo de que os movimentos das marés entrem, um dia, em acordo mútuo para revolução pela força!
Vimos nativos e turistas, uns quase, uns muito vestidos, outros do Mucuripe, outros em pleno trabalho; crianças com seus pais, uns pais com seus pais, adolescentes gordos ou 'desencucados', com ou sem piercings, os meninos olhando as meninas, elas mexendo no cabelo; uns caindo dos patins ou skates, uns tentando se equilibrar na vida... Enfim: nos deparamos com jovens, adultos e idosos, uns sem graça, outros de tirar o fôlego de tão lindos!
E (matutas, matutas) reparamos também na evidente orientação homossexual de muitos: pessoas solitárias, grupos de amigos, casais de namorados, casais de namoradas...
Lembrando a quantidade de conhecidas que reclamam da falta de 'homem com H' no mercado e conhecedoras de realidades paralelas e contrárias, com amigos e amigas de todos os naipes, perguntamo-nos mutuamente sobre os que não se assumem no baralho... e como reagir frente a tal 'ameaça' às mulheres heterossexuais que só querem um rei de espadas para curtir.
Mas as moças não se apoquentam só pela ausência do macho, não! Entre os resmungos sobre os homens que, só por obra e graça do divino encontram, há 'falta de carinho', 'excesso de vaidade', 'bebem demais', 'paqueram outra na minha frente' (e esse é, de longe, o pecado mortal - e quando escrevo 'mortal', leia-se 'digno de esfolar vivo e depois matar').
Avaliando as necessidade femininas sexuais e atuais - qualidade e atenção total, carinho antes, durante e depois, exclusividade e respeito, e nenhum comprometimento - percebi a oportunidade do negócio: sugeri a minha irmã (sócia em muitas empreitadas de humor) a criação de um Bordel para Mulheres.
Neste local, homens de várias idades e diversos biotipos seriam selecionados e treinados por nós duas. Entre nossas responsabilidades estaria, também, o gerenciamento do rio de dinheiro que correria por essa prestação de serviço, tão salutar à coletividade feminina e à sociedade em geral: afinal, não dizem que mulheres mal amadas sofrem e fazem sofrer todos ao seu redor? E, apesar de nossa amiga Nora dizer que somos muito 'mal resolvidas' (só porque somos capazes de apreciar os feios e quase nunca damos cavaco aos bonitinhos), nosso controle de qualidade é respeitado por grande parte da população feminina da (devagar e sempre) cidade de Morada Nova.
Eis um negócio no ponto para dar certo! Montaríamos um mix de marketing e faríamos publicidade (sem demonstrações gratuitas), ali mesmo, no calçadão entre o mar e os edifícios. Quem sabe a empresa seria instalada em um deles?... Eu teria que perder o pavor de morar ali, mas terapia cara existe para isso!
E poderíamos passear todo dia pelo espigão, sentir o vento nas faces e nas pernas, ver gente amiga, conhecer novas pessoas... E até fazer parte da campanha da Débora Soft, a stripper que, em 2004, com o slogan "vote com prazer" conquistou mais de 11 mil votos e foi eleita vereadora nesta Fortaleza bela. A moça é candidata novamente.
Aposto como seria uma aliança mais interessante que a do Lula com o Maluf. E minha irmã concorda comigo e assina embaixo - ou melhor, ao lado, como veem os leitores.