Exercicio de confiança
- O que está acontecendo com vocês?
- É pra isso que nós viemos aqui. Pra saber o que está acontecendo com a gente.
- Temos tanto em comum.
- Até por que os dois são um casal de homem.
- Algum problema?
- É, algum problema?
- Não, nenhum problema, alias não era pra ter nenhum problema.
- Pois é, nós dois gostamos de futebol.
- Torcemos pelo mesmo time.
- Não brigamos pra decidir quem vai jogar com o player 1 ou com o player 2.
- Tinhamos tudo pra ser um casal perfeito.
- Mas não somos.
- E é isso que viemos aqui pra descobrir. Por que?
Silencio.
- Vocês homens certo.
- É...
- Pode se dizer que sim. De certa forma sim.
- Então esse é o problema.
- Qual?
- Os dois são homens. E nós homens sabemos, que os homens não são confiáveis.
- Aham.
- Não entendi!
- É assim. Num casal convencional, homem e mulher, temos a mulher pra balancear, então o homem não é confiável, mas a mulher é, e isso equilibra. Agora quando temos dois homens, são duas polaridades iguais.
- Ta... E...
- E vocês não confiam um no outro.
- Claro que confiamos.
- Confiam mesmo?
- Sim.
- Sim.
- Então vamos fazer alguns exercícios de confiança.
- Vamos.
- Eu confio plenamente nele.
- Vamos fazer um exercício simples. Os dois fiquem de pé.
Os dois ficam em pé.
- Agora você fica de costas pra ele.
- Aí doutor.
- Ei, olha o respeito.
- Desculpa.
- Agora é o seguinte. Você que está de costas, confia no Maicon?
- Sim.
- E você Maicon, confia que o Marlon confia em você?
- Plenamente!
- Então Marlon se deixe cair.
Marlon cai pra trás, Maicon ao invés de segurar deixa ele cair de costas no chão.
- Uí.
- Aí cacete!
Marlon fica caído no chão com a mão nas costas.
- Por que você não me segurou?
- Por que eu não pensei que você ia se jogar.
- Mas o doutor falou.
- Ele falou, mas achei que era só pra testar.
- E era, e nós não passamos no teste.
- Vamos fazer de novo, agora eu vou te segurar.
- Agora eu não quero mais. Não consigo mais confiar em você.
- Aí, foi só um deslize. Não vai acontecer de novo.
- Como eu sei que não vai acontecer de novo?
- Não vai, juro.
- Eu não acredito.
Levanta-se, pega o terno que está pendurado e sai. Maicon pega o outro terno e vai atrás dele gritando pelo corredor.
- Espera aí. Se fosse minha ex-mulher ela perdoava. Espera aí, desculpa. Eu te compro chocolates, flores, uma camisa nova do seu time!