O "POLITICAMENTE CORRETO"

E O BRASIL: TEXTO INFORMAL.

SOBRE “O POLITICAMENTE CORRETO.”

O termo é muitas vezes “palavrão” para disfarçadamente ser preconceituoso negando ser ‘politicamente incorreto’ a respeito de itens como discriminação. Na realidade dizendo ser ‘politicamente correto,’ mas acabando por se transformar em ‘politicamente incorreto.’

Seus detratores vão buscar outros aspetos pseudo-didáticos para desviarem da injustiça principal do que se pretende combater. Nesse caso, até aspetos negativos e ultrapassados da história servem para diluir o tema do racismo, por exemplo, na controversa ‘discriminação positiva por cotas.’

Outro item é o fato de, se as mulheres tivessem de esperar da boa vontade masculina mais conservadora, ainda hoje, não estariam representadas em lado nenhum por direito legítimo. As cotas surgem como um mal necessário por um tempo limitado. Quando o mérito, por si só for suficiente deixará de ter razão de ser.

Um dia a norma será a equidade assumida com naturalidade por todos.

A discriminação positiva funciona para diminuir o ‘abismo’ de oportunidades negadas a gerações e gerações fruto de séculos de opressões e humilhações, como no caso das mulheres e dos afrodescendentes brasileiros. Este item serve para ganhar tempo e acelerar o processo de integração cívica e social.

No caso dos guaranis ou ameríndios, foi e é pior, roçando os níveis de extinção física ainda que sobrevivendo ‘invisivelmente’ no DNA da brasileira ‘quatrocentona’ de todos os tons de pele. Famílias que existem no Brasil, no mínimo, a partir do século XIX (19): entre os anos de 1800-1899.

(Em português ADN: Ácido DesoxirriboNucleico - marca genética.

Em inglês: DNA: DeoxyriboNucleic Acid).

FEEDBACK (Retroativos).

O termo ‘politicamente correto’ é inspirado na luta dos afro-estado-unidenses contra o racismo e pelos direitos cívicos iniciada na era do Presidente John F. Kennedy, inícios da década de 1960. Pretendia-se contribuir para a desconstrução do preconceito a partir da estereotipia entranhada culturalmente durante séculos, do gênero:

"Branco é pureza. Preto é feio. Tudo que é escuro é feio, sujo. Preto ou pardo é negativo" conotado com a escuridão das trevas onde vive o diabo. Com Cristóvão Colombo (1492) o diabo também era vermelho, cor de "índio."

No Brasil é o "índio" que mais ‘paga o pato’ – “todo índio brasileiro é descendente de canibal.” O fato de ter havido antropofagia ritual no passado não implica generalização. O verdadeiro ‘politicamente correto’ insere-se numa contextualização histórica de peso, conta e medida. Sinónimo de atrasado em “brasilês” é ‘tupiniquim’ associado ao dito “indígena.” Mas rindo do preconceito, também desconstrói o dito cujo [kkkkk].

Por outro lado, a discriminação tem a ver com dividir para reinar.

Nisso os portugueses “foram mestres.”

Nos inícios do século 20, os portugueses em Macau (antiga ‘colônia’ na China) inculcavam nos soldados “indígenas” africanos levados de Moçambique (outra sua colônia) de que “os chineses comiam gente e gostavam muito de carne de negro.” Por outro lado junto da comunidade chinesa dizia-se “que os negros comiam gente e em particular gostavam de carne de chinês.” Havia uma cantiga antiga entre os africanos de Moçambique que dizia assim: “china come gente… vai comer a sua pae” (sic). [kkkkkk]. Não dá para rir, pois o assunto é sério. Mas não me contive com tanta estupidez.

A expressão “politicamente correto” agora virando moda vulgariza-se chegando com atraso de 52 anos ao Brasil e a Portugal.

No caso de Espanha, pelo menos, as mulheres não são tão penalizadas. Estão mais liberadas do machismo da linguagem. Um exemplo simples:

- existe a palavra PRESIDENTA em espanhol, para uma mulher nesse cargo. Em português os catedráticos linguistas das academias luso-brasileiras rejeitam categoricamente essa possibilidade por 'ferir' a gramática. Em nosso modesto parecer trata-se mais de uma questão cultural de evolução sociológica que linguística.

Normalmente mal explicada, o termo “politicamente correto” tem sido deficientemente enquadrado no seu contexto real, que é combater o ‘racismo’ e a discriminação contra o ‘dito’ afrodescendente, e mais recente ao dito indígena, quase sempre ignorado.

À carona do combate ao ‘racismo,’ alargou-se o termo ‘politicamente correto’ – extensivo a outras formas de combate à discriminação verbal contra o deficiente físico, assédio à mulher, opção sexual, etc.

CLASSIFICAÇÃO FENOTÍPICA NO RG ENGANA.

Na questão dos genótipos ou fenótipos (características físicas aparentes), o termo afrodescendente só por si é “segregacionista” num contexto geral de ‘identidade brasileira,’ pois toda a matriz da sociedade brasileira é mestiça de afro-euro-ameríndio. É fruto de séculos de miscigenação genética e cultural forçada pelos impérios coloniais português e espanhol – e de outras potências europeias coloniais da modernidade, através do Atlântico e de África [séculos 15 a 19 – nomeadamente inglesa, francesa, holandesa, prussiano-austríaca, flamenga, dinamarquesa, sueca, russa, «turca», italiana [1441 - 1888] com maiores ou menores graus de participação.

CRISES NA EUROPA: SÉCULOS XIX-XX (19-20).

Séculos mais tarde (1850-1950) devido à fome e à crise econômica e política na Europa, e no mundo (resistências anticoloniais e duas guerras mundiais), inicia-se intensivamente o fluxo de maior emigração italiana em particular, e nórdica, alemã (prussiano-austríaca), do leste europeu, do médio e do extremo oriente vindo a aumentar esse ‘melting pot’ – caldeirão de mistura já existente no Brasil. Sobretudo, sobre a já existente mestiçagem forçada do europeu com a escrava de origem africana na senzala e a cunhã-guarani na periferia da selva pega no laço do bandeirante ou do capitão do mato. O macho-alfa dominador era sempre o “sinhôzinho” europeizado do casarão mesmo em relação à sua sinhá oficial.

O sangue guarani ou ameríndio já estava (des) integrando-se à força nos glóbulos europeus dos portugueses e espanhóis, em conjunto ao dos afrodescendentes trazidos a ferros de África (1502-1840).

Por outro lado, os sobrenomes, critério machista somente do lado paterno tem apagado essas origens mestiças, quando vindas do lado materno. Não se terá em conta os antepassados mais recentes do lado das mães do pai e da mãe, dos avós e bisavós de ambos os lados, paterno e materno.

‘EXEMPLI GRATIA:’ O MARQUÊS DE POMBAL.

Nascido no século 17 (XVII), o próprio todo-poderoso Marquês de Pombal (1669 Lisboa – 1782 Pombal) era neto de pajé guarani do Ipiranga (SP), pela parte da mãe (denominação colonial de cabocla).

O Marquês do lado paterno era bisneto de uma escrava africana de Angola propriedade de seu bisavô, o cristão-novo Sebastião de Carvalho, arcediago (vigário-geral) conhecido por ‘Sebastião da mata-escura’ pela sua apetência sexual,‘atrás da moita,’ pelas ‘molequinhas crioulas’ do reino de Portugal.

CONCLUSÃO.

Ora analisemos: - em relação aos demais habitantes do continente americano, dividido em três áreas geográficas: - sul, centro e norte, como classificá-los tendo em conta que para o citado afrodescendente, afroamericano é assim denominado. Os outros cidadãos seriam o quê? Euro-descendente ou euroamericano, asiático-descendente e africano-descendente, para os emigrados diretos de África, na era moderna, como é o caso do pai queniano do Presidente Obama dos EUA?! Como pode?!

ESTEREOTIPIA

Esta surge na construção da discriminação ecoando como ‘aparelhagem de som estéreo, tipo’ de comunicação na avaliação das pessoas pelas falsas aparências do preconceito.

Exemplos avulsos:

- Na Europa, grosso modo, a brasileira tem má-fama de roubar maridos das europeias ou de ser quenga, e o brasileiro de malandro. Aspetos realçados, precisamente, pela intensa ‘mistura’ do ser e do liberado estar brasileiro.

O fato do brasileiro ser ‘amulatado’ (amorenado) é conotado com inzoneiro = falso. Até Ary Barroso caiu nessa ‘armadilha’ preconceituosa da língua portuguesa ou espanhola.

Temos ainda o termo ‘caboclo’- mestiço de europeu e ‘índio’ (entre aspas) para caipira; sertanejo; ‘sujeito traiçoeiro;’ tupiniquim; atrasado ou atrasada, et cetera - é o que dizem os dicionários já de si ‘repetindo’ o preconceito.

No entanto, se tudo que é mestiço é ‘falso’ por não ser 'puro,' como se diz, então toda a humanidade ‘é falsa e impura,’ pois todos são mestiços em processo ‘intra-genético’ há centenas de milhar de anos. Pois, a espécie humana saída da Etiópia (África oriental) viria povoando todo o planeta em migrações cíclicas transgeracionais.

Digo espécie humana, por que não há 'raças' humanas mas sim uma única espécie humana diversificada e adaptada geograficamente ao clima e à alimentação. O fator da glândula melanina no nosso organismo – protetor solar – é fundamental para clarear ou escurecer a pele.

No entanto, se «raça não existe, racismo existe» como enfatiza o Professor Benjamin Isaac na sua obra 'The Invention of Racism in Classical Antiquity' (2004-2006). United Kingdom / USA: Princeton University Press.

O racismo existe no pressuposto estereotipado e errado de “raças” para diferentes grupos humanos, sem ligação genética em comum. Aspeto científico que impediria a reprodução sexual entre os humanos.

SEXUALIDADE DESMENTE EXISTÊNCIA DE «RAÇAS» HUMANAS.

A reprodução sexual entre todos os grupos humanos (entre si) desmente qualquer possibilidade da existência de ditas 'raças' diferentes. O DNA básico comum reconhece estar perante a mesma espécie, neste caso humana, permitindo a gravidez de uma mulher que se diz branca, ou indiana ou outra, com um homem que é catalogado de negro, guarani ou outro. O processo aplica-se a todos os grupos físicos humanos.

O Brasil é a maior prova mundial desse fenômeno de sexualidade multiétnica. Esse processo em crescendo no século 19 teria assustado D. Pedro II (1825-1891) pela velocidade da mestiçagem brasileira. Boatos da história sugerem até que seu pai D. Pedro I do Brasil (1798-1834) do reino de Portugal, já viria 'amulatado' de negão com espanhola - fruto das infidelidades no palácio real de Queluz (grande Lisboa).

Note-se que Portugal entre 1700 a 1900 tinha a maior cota europeia de presença de afrodescendentes. Processo iniciado em 1441 com a escravatura trazida de África para a Europa, por Antão Gonçalves aio do Infante D. Henrique.

Por outro lado há indícios da presença de grumetes e serviçais afrodescendentes nas caravelas de Cabral em 1500, na chegada à 'terra dos papagaios' (mais tarde Brasil).

BRASIL O QUE É?

Por outro lado se hoje o ‘Brasil É Grande’ é pela intensa mestiçagem, ainda que o ‘pQp’ do francês Joseph-Arthur Gobineau (1816-1882), amigo de D. Pedro II do Brasil tenha dito mais ou menos que ‘o Brasil pela intensa mestiçagem euro-afro-ameríndia era inviável como país e que viria a desaparecer como nação’ (+-1870). A solução era a emigração massiva dos pobres mais a norte da Europa, para o Brasil, visando "branquear a raça brasileira enegrecida."

Estavam lançadas as bases europeias para um racismo pseudocientífico com Francis Galton, Herbert Spencer e outros deturpando as teorias de Charles Darwin, mas isso fica para outro tema afim.

Sem dúvida o Brasil é tudo e nada, por ser um todo complexo de uma ‘quadratura do círculo’ que se desdobra em miríades de estrelas do Cruzeiro-Sul. Pois, o Brasil é Euro-Afro-Guarani, na génese mas se também preferirem, euro-afro-ameríndio-oriental na atual essência e pujança como NAÇÃO diversificada em 27 Estados e subestados.

No seu todo, o Brasil é o reflexo muito antigo de início da maior globalização da modernidade, pela batuta ‘canhestra’ ou da "canhota" do português, quinhentista a oitocentista.

Nada é prefeito neste mundo [kkkkk].

DNA “DOS BRASILEIROS AUTODECLARADOS BRANCOS.”

Num apontamento gráfico do DNA “dos Brasileiros Autodeclarados Brancos” eis o que foi apurado pelo Professor Dr. Sérgio Pena da UFMG:

“O gráfico da esquerda mostra a distribuição das linhagens mitocondriais dos brasileiros autodeclarados Brancos.

O da direita mostra a distribuição de haplogrupos nas linhagens africanas:

- 33% AMERÍNDIO – 39% EUROPEU – 28% AFRICANO.”

(…)

”Assim, de uma maneira quase paradoxal, a população branca brasileira provou ser, em 2000, uma excelente fonte para estudo da filogenia do DNA mitocondrial na África central.” 10/10/2008. Data Venia ao PROF. DR. Sérgio Danilo Pena Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil.

ATUALIDADE.

Neste nosso caso pós-moderno é um imperativo condenar com bases sólidas o preconceito da aparência da ‘cor’ da pele e da origem social como condição de inferioridade de capacidade de inteligência, ou de menoridade intelectual.

O fenômeno de ascensão social por si só é econômico nas

oportunidades de ensino qualificado e de saídas profissionais.

Filho de pobre é botado pelo pai ou mãe para trabalhar mais cedo fora de casa. A sobrevivência da família em primeiro lugar. Filho de rico tem todo o tempo do mundo para estudar, e ganhar experiência científica. O ciclo raramente é alterado.

Numa sociedade muito discriminatória não se está em pé de igualdade. As barreiras são outras e não da competência. Será preciso ter QI de outra natureza. O QI de «Quem Indica.»

Kuaracy Xamã.

ANEXOS.

Citações Finais.

[Quando A Injustiça Torna-se Lei - A Resistência É Um Dever].

Citação de Thomas Jefferson (EUA ☼1743 - †1826).

Tradução livre de Kuaracy.

“When Injustice Becomes Law – Resistance Becomes Duty.”

in Thomas Jefferson (USA ☼1743 - †1826).

HISTÓRIA DAS MIGRAÇÕES DA ESPÉCIE HUMANA.

[No link em anexo ver programa da ‘National Geographic:

'The Genographic Project’ baseados em estudos de genomas do DNA “sobre a história migratória da espécie humana” - ‘about the migratory history of the human species’ ].

National Geographic:

«The Genographic Project is seeking to chart new knowledge about the migratory history of the human species by using sophisticated laboratory and computer analysis of DNA contributed by hundreds of thousands of people from around the world. In this unprecedented and of real-time research effort, the Genographic Project is closing the gaps of what science knows today about humankind's ancient migration stories.»

https://genographic.nationalgeographic.com/genographic/index.html

Links e Fontes de interesse:

Estudo dirigido pelo PROF. Sérgio Danilo Pena.

http://cienciahoje.uol.com.br/130002

Deriva Genética

http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/coluna

Gobineau:

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/franceses2.htm

Reprodução Sexual

http://www.biology-online.org/dictionary/Sexual_reproduction

Links de citações dos originais em inglês:

http://netctr.com/quotes.html (10ª citação).

http://jpetrie.myweb.uga.edu/TJ.html

http://www.quotationspage.com/quotes/Thomas_Jefferson/

«O Brasil é dividido administrativa e politicamente em 27 unidades federativas, sendo 26 estados e 1 distrito federal»

• 1. Acre (AC)

• 2. Alagoas (AL)

• 3. Amapá (AP)

• 4. Amazonas (AM)

• 5. Bahia (BA)

• 6. Ceará (CE)

• 7. Distrito Federal (DF)

• 8. Espírito Santo (ES)

• 9. Goiás (GO)

• 10. Maranhão (MA)

• 11. Mato Grosso (MT)

• 12. Mato Grosso do Sul(MS)

• 13. Minas Gerais (MG)

• 14. Pará (PA)

• 15. Paraíba (PB)

• 16. Paraná (PR)

• 17. Pernambuco (PE)

• 18. Piauí (PI)

• 19. Rio de Janeiro (RJ)

• 20. Rio Grande do Norte(RN)

• 21. Rio Grande do Sul(RS)

• 22. Rondônia (RO)

• 23. Roraima (RR)

• 24. Santa Catarina (SC)

• 25. São Paulo (SP)

• 26. Sergipe (SE)

• 27. Tocantins (TO)

http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/Estados/

Kuaracy Xaman
Enviado por Kuaracy Xaman em 29/06/2012
Reeditado em 02/07/2012
Código do texto: T3752032
Classificação de conteúdo: seguro
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