A mensagem

Inicio de noite, Marcus aproveita que está no comercial do jogo e vai a cozinha, pegar um copo de café com leite, quando aparece na janela um homem de saia branca, cachinhos e com uma corneta em mãos. Ele tenta sem sucesso fazer um solo com. Marcus fica olhando sem entender. O homem de saia vê que seu solo não está agradando então desisti.

- Que porra é essa?

- Marcus?

- Sim.

- Eu sou o Arcanjo Hanna.

- Hanna?

- É.

- Hanna não é nome de mulher?

- Mais ou menos.

- Não, Hanna é inteiro feminino.

- Ta, é. Mas fazer o que? E outra eu sou Arcanjo, não tenho sexo.

- Eu também não tenho faz tempo e nem por isso me chamam de Priscila!

Hanna fica olhando para Marcus com cara de quem não entendeu a piada.

- Você sabe que você pode mudar se quiser né?

- Sim, eu sei. Mas eu não quero. Gosto do meu nome.

- Então tá!

Ele vira as costas e vai saindo.

- Pera aí, onde você vai?

- Pra sala.

- Não, calma, eu tenho que te passar uma mensagem. Toca a corneta mais uma vez sem sucesso. Marcus só observa.

- O negócio é o seguinte...

- Não, eu não quero comprar nada não.

- Comprar?

- É, não to precisando.

- Não ta precisando do que?

- O que você está vendendo?

- Nada.

- A não?

- Não!

- Então o que você quer?

- Vim te trazer uma mensagem.

Toca a corneta. Mais desafinado do que das outras vezes.

- Mensagem tipo essas de aniversário. Não querendo desapontar quem enviou mas meu aniversário já passou.

- Não é de aniversário.

- Dia dos pais?

- Não!

- Ganhei algum prêmio.

- Não!

- Então o que é?

- É uma mensagem de Dele. – Fala e da uma olhada pra cima.

Marcus olha também pra ver o que ele está olhando.

- Dele quem?

- Deus.

- Rá-Rá-Rá... Ta bom então.

- É verdade.

- Ele poderia ter mandado uma mensagem de texto.

- Poderia, mas geralmente não acreditam que é ele quando recebem pelo celular.

- Ah ta. E quando é você acreditam?!

- Éééé...

- Ta bom amigão. – Fala e vai fechando a janela. – Meu café ta esfriando e o jogo já deve ter recomeçado.

- Ei peraí eu não dei a mensagem ainda.

Vai tocar a corneta, Marcus coloca a mão na frente.

- Nem precisa se dar ao trabalho, deve ser engano, eu sou ateu.

- Sim, eu sei que é.

- A sabe?

- Sei.

- Como?

- Ta escrito aqui. Marcus Ateu.

Mostra o papel para Marcus. Ele lê. Fica um silencio constrangedor. O Arcanjo fica sem jeito.

- E aí qual é a mensagem?

- Ah...

Tenta mais uma vez fazer um solo na corneta. Marcus observa e toma o café. Finalmente ele termina.

- Ele mandou avisar que não precisa se preocupar por que vai no fim vai dar tudo certo.

- Fim do que?

- Não sei.

- Como assim não sabe?

- Não sei. Só ta escrito isso: “não precisa se preocupar por que vai no fim vai dar tudo certo.”.

Mostra o papel de novo.

Silencio. Marcus fica de cabeça baixa tentando entender a mensagem.

Hanna tenta mais um solo de corneta. E sai.

Afonso Padilha
Enviado por Afonso Padilha em 23/06/2012
Código do texto: T3740714