Me bate!

Os dois estão no quarto, se amassando.

- Isso vai, me agarra forte.

- Assim?

- É, isso... isso...

- Você gosta né?!

- Gosto... Puxa meu cabelo.

Ele puxa de leve.

- Isso... Agora bate na minha cara!

- Oi? – Ele para.

- Me bate. – Ela vai pra cima dele.

- Não, eu vou bater na sua cara.

- Bate.

- Então nas costas, me bate nas costas.

- Eu não vou bater em lugar nenhum.

- Nem na bunda?

- Não, eu sou contra a violência com as mulheres.

- Mas eu sou a favor, bate.

- Não, quantas mulheres não lutaram pra conseguir criar essa lei?

- Me joga na parede e me chama de Maria da Penha!

- Não, vai contra os meus princípios.

- Eu quero apanhar no principio, meio e no fim.

- Que isso...

Ela tira o cinto da calça dele.

- Toma, me bate de cinto.

- Nossa tira esse cinto daqui, eu tenho trauma de cinto, quando eu era criança meu pai me batia muito de cinto.

- Então finge que é seu pai e me bate.

- Quer parar de brincar com isso?!

Silencio. Voltam a se beijar. Ela puxa o cabelo dele.

- Aí meu cabelo.

- Você gosta é?

- Não!

- Ah não gosta?

- Não.

- Então desconta em mim. Me da um tapa, eu mereço por ter puxado seu cabelo.

- Eu não vou te bater.

- Bate vai. Uma porrada.

- Que porrada, você ta louca. Vai marcar seu rosto lindo.

- Então bate aqui nas costas ninguém vai ver a marca.

- Não, você ta louca, eu nunca dei porrada em ninguém.

- Então da em mim. Vai, finge que você é o Anderson Silva e eu sou o Sonnen e me da um murro.

- Eu não gosto de UFC é muito violento.

Ele fica quieto. Ela vem pra cima dele batendo no próprio rosto.

- Para, eu não vou te bater.

- A não vai?

- Não.

- Sua mãe é uma vaca.

- O que?

- É, é uma velha mal amada.

- Não fala assim da minha mãe.

- Não gostou? Me bate!

Afonso Padilha
Enviado por Afonso Padilha em 21/06/2012
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