O Pessimista

Juca era um pessimista de carteirinha assinada. Para ele tudo era um grande problema. Vivia tenso, sob pressão e sempre preocupado. Belo dia, lá ia ele pela estrada afora em direção a Petrópolis, quando o pneu do carro furou : pow !!!

Juca ficou gelado. Diminuiu a velocidade e estacionou o carro no acostamento. Desceu, ficou olhando alguns segundos para o pneu murcho e pensando : - ai, isso vai dar um trabalhão danado.

Abriu o porta-malas e como não poderia deixar de ser surgiu o problema : não tinha macaco !

Ele ficou estático. Como iria resolver isso ? Ninguém iria parar para ajudá-lo, a falta de solidariedade era um fato na vida dele. Já estava ficando arrasado, quando lembrou-se de que um quilometro atrás ele tinha visto um posto de gasolina. Eureca ! Ali estava a solução para o seu problema.

Fechou o carro todo e foi andando em direção ao posto. Mas, como bom pessimista, ele foi ruminado problemas :

Será que no posto tem borracheiro ? E se não tiver ? Caramba, o que farei então ?
Não, mas deve ter borracheiro sim. Claro. Posto de gasolina no meio dessa estrada. Lógico que deve ter …
Mas, e se o borracheiro não quiser me emprestar o macaco ? Pô, sacanagem ! O cara tem o instrumental e não me empresta só de maldade ? Isso não é justo. Assim não dá ...

E pensando e sofrendo por antecipação, Juca chegou ao posto de gasolina. Perguntou para um dos frentistas :

Tem borracheiro aí ?

O frentista gentilmente respondeu :

Tem si, é aquele cara lá na porta da garagem, é só falar com ele.

Juca partiu decidido em direção ao “cara” e perguntou-lhe :

Você é o borracheiro ?

O “cara” respondeu com um sorriso no rosto :

Sim senhor, sou eu mesmo.

Juca perguntou :

Você tem macaco ?

O “cara” respondeu :

Claro, tenho sim senhor, por que ?

Juca, estressado como sempre, solta a seguinte pérola para o borracheiro :

Então pega o seu macaco e engole ele seu egoísta filho da mãe.

Virou as costas e saiu batendo os pés de volta para o carro …

Leandro Cunha

junho 2012.