OBS: O conto a seguir é uma história de humor negro que não tem como intenção ofender, humilhar, debochar, esculachar, tirar onda, aporrinhar ou diminuir as pessoas que fazem o uso de magia negra, ou rituais religiosos para conseguir as coisas, tipo um amor, dinheiro, ou sexo casual.
A história tem apenas a intenção de fazer graça em cima do exagero e nada mais que isso.  Além do que, eu não entendo muito de rituais de amarração, e os descrevi aqui conforme eu imagino que sejam, e coletando informações perdidas pela vasta internet, justamente para não atingir uma religião ou seita específica.
Então, antes de se sentirem ofendidos e sentirem vontade de me rogarem pragas, podem apertar aquele “X” branco numa caixinha vermelha ali em cima, e voltar para o seu Facebook. Ok?
Boa Leitura!
 
 
 
                                                    1
Ah, os corações partidos! Quem nunca sentiu o seu se quebrar em milhares de pedacinhos, e demorar anos para que se recompusesse? Quem nunca se apaixonou platonicamente? Quem nunca se apaixonou por alguém impossível? Ou pior, quem nunca perdeu alguém que amava, seja pela morte, ou simplesmente por abandono? Todos os humanos já passaram por isso pelo menos uma vez na vida. E todos fariam de tudo para conseguir reaver a pessoa amada mais uma vez, e assim, tentar fazer tudo de novo... Se soubessem por onde começar. Ícaro soube bem como é o sentimento de perda. Soube como é sofrer por alguém que não lhe quer. Ícaro era apaixonado por Daniela e ela por ele. Mesmo com crises de ciúmes, os dois se entendiam. Ícaro era quem mais sofria por ciúmes, mas na medida do normal. Dani se sentia muito amada, e quase não ligava para as indiretas de sua sogra, dona Evenilda, que vivia repetindo para quem quisesse escutar, que a menina não era boa o suficiente para seu menino. Chegando até mesmo a, na semana anterior, agredi-la puxando seus cabelos.

E foi então que, de repente, num domingo, Dani chegou um tanto diferente na casa de seu namorado. Estava fria, aérea, e dessa maneira comunicou ao namorado que não queria mais continuar com aquilo.

- Mas, Dani? Como assim...?- perguntava Ícaro com seus olhos marejados e prestes a chorar como uma criança mimada.

-Ícaro, chega! Sua mãe, seu ciúme, sua insegurança... Não dá mais pra suportar isso, cara! Eu te amo, mas esse nosso namoro não tem mais jeito! – respondia a menina tentando sair de dentro do quarto do rapaz, que se encontrava parado bem na frente da porta.

-Não, Dani! Eu vou mudar, eu prometo! Não faz isso! Temos uma história pela frente!

-Ícaro, semana passada foi a gota d’água! Sua mãe me bateu! Ela puxou meus cabelos e me bateu! Isso é inaceitável! Nem minha própria mãe me batia... Quer dizer, só daquela vez que eu estava me agarrando com meu primo no porão, mas foi merecido. Sua mãe me bateu só por não gostar de mim!

-Ela estava nervosa, amor. Não leve em conta. Isso é ciúme! Sou filho único, sabe como é?

-Não. Não sei, Ícaro. Sinto muito, mas não dá mais. –concluiu a moça empurrando o rapaz levemente e assim, saindo do quarto.

Ícaro caiu ajoelhado sobre o carpete numa típica cena de novela mexicana. Parecia que o chão tinha saído debaixo de seus pés. Seus olhos vagavam por seu quarto procurando fotos em quais pudesse se confortar. Teve a impressão de ter ouvido passos, ela estava voltando provavelmente, arrependida. O coração de Ícaro se encheu de esperança.
Dani entrou no quarto com passos decisivos e olhou no fundo dos olhos de seu, agora ex-namorado, com um olhar penetrante. Estaria ela arrependida realmente? Uma chama de esperança se acendeu no coração do rapaz abandonado...


-Ícaro, não tem graça, cadê a minha chave! –perguntou com um olhar sério e irritado.
2
Aqui se podiam ouvir os pedaços de seu coração cair contra o chão. Ícaro queria gritar, queria correr nu pelas ruas do bairro, por mais sem nexo e desnecessário que isso fosse. Ele estava desamparado. Não podia contar nada para a sua mãe. Não podia pedir conselhos à ela. Sabia que ouviria uns “Ela não te amava!”, ou “Ela não te merece...”. Ele só queria consolo. E, ainda com os olhos lambuzados de lágrimas, vestiu uma camisa mais confortável e seca, e saiu de casa. Tentaria esquecer-se de seus problemas na rua.

Daniela pegou as chaves e saiu da casa, não queria voltar ali tão cedo. Não queria mais saber de Ícaro. Sabia o motivo de estar fazendo aquilo, mas não esperava que agisse tão rapidamente e tão cruamente com o rapaz. Era como se uma força mais forte que ela tomasse conta de seu corpo. Alguns quarteirões dali, já perto de casa, ela sentiu pena do ex. Mas não queria voltar. Era melhor deixar as coisas como estavam. Sua decisão fora tomada. Viver daquela maneira estava a tornando uma pessoa triste.
Andou até sua casa e assim que entrou, fez o que toda pessoa normal faria quando confusa e um pouco chateada: Entrou no Facebook, mudou o status de relacionamento e ficou ali postando poemas sobre liberdade, fim de namoro e compartilhando incessantemente mensagens de autoajuda, para o tédio de seus amigos.


Na porta da lanchonete, lá estava Ícaro com seu olhar perdido, encarando o céu, e sugando pelo canudo no copo absolutamente nada, já que seu suco de maracujá já havia se acabado. Quem passasse e o visse daquela maneira, com roupas amarrotadas e olhar de prostituta do Quênia, seja lá como isso seja, diria que o menino estava em depressão, com intenções de suicídio, e que precisava de uma cerveja bem gelada.
Coincidentemente, algumas pessoas passaram na frente da lanchonete, elas realmente notaram que o rapaz estava mal vestido, inclusive teve um rapaz que parou e, por alguns segundos, achou mesmo se tratar de uma prostituta queniana bem ali na sua frente, mas ao notar que era um homem e branquelo, voltou atrás, e continuou indo na direção da casa de seu namorado Alfredo.


O dono da lanchonete, conhecido como Seu Torto, pelo simples fato de ser torto, isso devido um AVC que quase o levou embora, pensou em lhe oferecer uma cerveja, mas ao notar, ao longe, dona Evenilda se aproximar, com seu andar pesado e olhos assustadores, em parte pelo excesso de delineadores, e em parte pelas sobrancelhas arcadas parecidas com as das vilãs da Disney, ele desistiu e voltou para trás do balcão.

Ao ver seu filho completamente “destruído” sentado na lanchonete, Evenilda foi levada até o passado, quando seu falecido esposo e pai de seu filho, o padeiro John, fora encontrado alcoolizado no bar da esquina, completamente balbuciante, e falando coisas sobre ter sido estuprado por Ets. Imediatamente, após regressar do surto de memória, ela apressou os passos e o abraçou carinhosamente, afundando seu rosto em seus seios fartos, pouco escondidos pelo vestido de bolinas amarelas que a deixava ainda mais gorda e ridícula.

-Meu filho! O que aconteceu, meu filho! Você tá bêbado? –perguntava enquanto beijava seu rosto e apertava suas bochechas.

O rapaz, branco como um biscoito de polvilho vendido na praia, foi ficando com a face completamente ruborizada, e assim, iniciou mais uma vez, seu choro compulsivo.

-O que houve, meu filho? Você já tem vinte anos! Não pode ficar chorando assim pela rua! Quem te machucou? Foram aqueles favelados de novo?

Esse “DE NOVO”, proferido por dona Evenilda, se referia à vez em que Ícaro fora espancado por um grupo de adolescente da comunidade de Vila Vadia, uma favela bem próxima ao bairro onde moravam. Bateram no rapaz por o acharem romântico e fresco demais. O que não era mentira, mas que também não justificava a surra. Aliás, após a surra, ele conheceu Daniela, que também estava na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) esperando para ser atendida, só que por ter se cortado com um canivete, POR ACIDENTE, nos pulsos. Mas isso é outra história...

-Responda, Ícaro! Fala com a mamãe! –pedia insistentemente.

O dono da lanchonete foi se aproximando com seu andar torto, e com sua boca torta tentou explicar o que estava acontecendo.

-Ah aun anta. El ah aim em uito empo! Ediu uco acuá e aou a ou ae aim! – disse o homem com uma expressão confiante, achando realmente que se fizera entender.

Evenilda ficou encarando o dono da lanchonete, e de que curiosamente, havia entendido o que ele queria dizer. Por ter tido um marido alcoólatra, ela desenvolvera o dom de entender quem falasse enrolado. E entendeu que, na verdade, ele havia dito:

-Ah, não adianta. Ele está assim tem muito tempo. Ele pediu suco de maracujá e bolo de aipim. E a senhora tá muito sexy hoje, dona Evenilda...

Claro que a última parte da frase, ela incluiu por vontade própria, apenas para se sentir bem durante aquele dia.

Ícaro desceu seus olhos até os olhos de sua mãe, fazendo contato visual. Parecia que finalmente estava acordando do estado catatônico em que se encontrava.

-Mãe...

-Diga meu filho...

-Mãe...

-Diga meu filho...

-Mãe a senhora tá com o joelho no meu saco...

Ela se levantou irritada.

-Olha aqui, seu Ícaro! Não me venha dizer que sou um joelho no seu saco! A expressão certa é Pé-no-saco! E se sou chata, é porque te amo e...

-Não, mãe! – disse o rapaz se levantando. - A senhora estava me abraçando, e seu joelho estava esmagando minhas bolinhas!

Ela então desviou os olhos para a região escrotal do filho, e pode reparar que a região se encontrava menor do que realmente era, o que mostrava que por ali, algo tinha esmagado o lugar.

Porém, após isso, os olhos de Ícaro voltaram a ficar perdidos.

-Mãe... A Dani... Ela... Ela se foi! – contou o ele deixando uma lágrima brilhante rolar por seu rosto já menos ruborizado.

-Morreu? – perguntou a mulher não fazendo questão de esconder o sorriso de satisfação que aquela informação havia lhe provocado!

-Não, mãe! Vira essa boca pra lá! A Dani foi embora! Ela terminou comigo!... Eu achei que era para sempre! –disse triste o pobre rapaz, sentando-se novamente na cadeira de metal.

Sem diminuir o sorriso de satisfação, dona Evenilda se aproximou do filho tentando ser mãe-amiga.

-Ora, Ícaro. Esse namoro já estava acabado há meses. Até que durou bastante esse dois anos de sofrimento! Vai ser melhor para vocês dois! Deus sabe o que faz! – disse usando aquelas palavras que amigos usam quando não querem ouvir seus lamentos por MSN, mas que mesmo assim não perdem a oportunidade de parecerem úteis e cultos.

-Mãe, eu sou apaixonado por ela. Não sei como você pode não gostar da Dani. Não sei o que ela te fez!

-Ela te atrapalhou nos estudos! Você tirou notas baixas por causa dela, quase não terminou o segundo grau! E outra, a menina é porca, tem mau hálito!

Ícaro quis concordar, mas não podia.

-Ela tem mau hálito pois tem gastrite nervosa! Ela só tinha esse problema quando estava lá em casa, aturando suas indiretas e grosserias! Aliás, mãe, você agrediu a Dani! Ela poderia ter dado parte na polícia, sabia?

-Agredi, e agrediria de novo! Pensa que não via a maneira como ela me encarava? Os cochichos no pé do seu ouvido quando eu passava na sala...

-Mãe, deixa de ser paranoica! Éramos namorados, estávamos assistindo filmes, namorados cochicham ao pé dos ouvidos quando estão assistindo filmes! Para com isso! Só falta a senhora pensar que ainda sou virgem...

Os olhos de Evenilda se arregalaram de tal forma, que pareciam que eles iam subir pela testa, se desligar dos nervos e pegar o primeiro ônibus para a praia de São Conrado.

-Você não é mais... Virgem? Você está me dizendo que já copulou, Ícaro Roberto?

-Mãe, eu já tenho vinte anos! Perdi minha virgindade aos dezesseis, e com a Lurdinha, nossa antiga empregada! – entregou o rapaz, entregando também um leve sorriso de nostalgia sobre aquele momento único com sua ex-empregada gaúcha.

-Aquela favelada gaúcha! Dormindo com meu filho debaixo do meu teto...

-É... Foi no seu quarto mesmo! Mas foi uma vez só, depois a senhora a mandou ir embora. Pensei que soubesse.

Evenilda se levantou, entregou sua bolsa de couro preta para o filho e caminhou em direção a sua casa. Ícaro, preocupado, seguiu-a. Enquanto andava pelas ruas de paralelepípedos de seu bairro, ele se lembrava dos momentos que passara por ali com Daniela. Gostava de recordar e ver nas ruas, sua história reescrita, como numa cena de filme romântico, ou num clipe de alguma banda brega e sem graça de pagode.

Ele no fundo sabia ter sido ciumento. Tentava controlar os ciúmes, mas não conseguia. Simplesmente não conseguia. Daniela era uma moça bonita, ruiva, corpo magro, porém gordo onde devia ser (leia seios e nádegas).
Ícaro se sentia inseguro ao lado dela, primeiro por ser magro demais, segundo por ter espinhas no rosto, e terceiro, bem, ele era muito branco, quase um vampiro. Nunca tinha feito escândalos ou dado crise. Apenas se calava e ficava de bico, o que irritava Daniela profundamente.

 
3
Ao chegar à porta do quintal de casa, Ícaro se desequilibrou ao desviar de seu cachorrinho Guga, um vira-latas preto e branco, que viera lhe receber na porta, e caiu perto do amontoado de sacos de lixo que os moradores colocavam na base de um poste de luz, para que a COMLURB recolhesse pela manhã. Dona Evenilda rapidamente olhou para trás, e correu na direção do filho.

-Ai, Ícaro! Às vezes você lembra tanto seu falecido pai bêbado, assim no lixo... Levante-se! –comentou ajudando-o a levantar.

O rapaz se levantou apoiando-se na base da caixa de correios, e sentiu que havia algo preso no seu braço esquerdo. Recuperado do tombo, desviou os olhos para o braço, e viu que se tratava de um papel amarelado e sujo. Pensou ser alguma propaganda de salão de beleza local ou de alguma pizzaria, propagandas comuns de serem encontradas pelo chão.
Mas ao desgrudar o papel de seu braço suado e sujo de terra, ele teve uma surpresa. O texto em destaque logo lhe chamou a atenção. Em vermelho, com letras que pareciam em chamas sobre uma estranha mulher que tinha um bigode apenas na metade esquerda de seu rosto, ele leu:

 
 
TRAGO SEU AMOR, SE ARRASTANDO,
EM 3 DIAS!
 
 
Com se tivesse levado uma descarga elétrica de ânimo, Ícaro correu para dentro de casa e se trancou no quarto com o folheto. Estava eufórico, estava animado, e queria saber mais sobre aquilo. Lendo a descrição dos serviços prestados, viu que se tratava de simpatia, aonde a pessoa amada voltaria mais apaixonada ainda, dedicada, esforçada, e ainda citava a proximidade do Dia dos Namorados. Isso fez com que ele se empolgasse ainda mais.

-Será que isso funciona? – perguntava-se.

O nome do pai de santo era Pai Maria-João. Dizia saber como cada um se sente ao ser abandonado, por possuir no corpo os dois sexos. De começo Ícaro achou tudo muito estranho, mas a vontade de ter Dani de volta o fazia deixar de lado qualquer preconceito. Ficou andando por seu quarto encarando o folheto. Pegou o folheto, se aproximou do telefone, mas se afastou. Alguns minutos depois, pegou o telefone, porém discou os três primeiros números e desistiu, desligando-o novamente.

Por quase um mês Ícaro tentou tomar coragem de ligar para o tal Pai de santo. E por exato um mês, ele não teve noticias de Daniela. A coragem não lhe vinha, sempre pegava o telefone, discava alguns números e desistia. Porém, num dia frio que estava em casa de bobeira, sentou-se na cama, e se viu encarando as fotos com Dani sobre a mesa de seu computador. Os sorrisos sinceros que elas exibiam, o faziam lembrar-se do tempo que a teve ao seu lado e não soube aproveitar. Olhava para as fotos, olhava para o folheto, e assim, num surto de coragem, ligou para o Pai Maria-João.
 
4
No telefone, Ícaro tratou com a secretária de Maria-João tudo sobre a tal simpatia. Ela o informou que a consulta era grátis, porém os ingredientes e serviços custariam setenta Reais, mas com total garantia de sucesso.
Informou também que somente na primeira hora, no caso uma hora da manhã, do terceiro pro quarto dia, é que o primeiro sinal apareceria. Ícaro desligou o telefone incrédulo no que acabara de fazer, mas ainda assim, esperançoso de que finalmente, teria o amor de sua vida de volta.


Na manhã seguinte, disfarçado com boné e óculos escuros, Ícaro foi até o bairro de Bonsucesso, aonde se localizava o Império de Maria-João. Era em um sobrado escondido, quase já no bairro de Ramos, e que ostentava na fachada um enorme banner com a foto do Pai de santo. Ele pôde observar com mais precisão que o rosto dele era dividido em duas partes, como o vilão Duas-Caras do Batman, só que de um lado era masculino, com bigodes e barba, e do outro feminino, com lápis de olho, batom, maquiagem e purpurina.  O rapaz sentiu uma ponta de receio ao subir os estreitos degraus de madeira, porém, ali já estava, e não desistiria. Retirou uma foto três por quatro de Daniela do bolso de sua bermuda verde-musgo, e a beijou. Feito isso, se benzeu e subiu decidido as escadas de madeira que rangiam a cada passo.

Chegando ao segundo andar, ele reparou que havia diversas pessoas na espera. Mulheres, homens, animais (cabras, galinhas, leitões), todos dividiam o espaço que se estendia por todo um corredor, que terminava com uma porta de madeira vermelha, como de uma saída de emergência, e com uma placa escrita numa cartolina branca com letras grandes “SÓ ENTRE QUANDO CHAMADO”.!

Sem jeito, e sem saber aonde se colocar, Ícaro recostou-se na parede, e percebeu que todos o encaravam. Uma menina de uns dez anos surgiu do nada, segurou sua mão e o puxou lentamente querendo conduzi-lo.

-Ei, mocinha? Para onde está me levando? – perguntou enquanto a seguia.

-Para onde você acha? Maracanã? O pai quer te ver! – disse ela que, para espanto de Ícaro tinha uma voz masculina e muito grave.

-Ei... Que voz é essa?! – perguntou ele se soltando, e entrando num princípio de pânico.

-O que tem minha voz? - perguntou a menina logo em seguida se fazendo surpresa após olhar para suas próprias mãos. – Ah, claro! Desci numa criança de novo! Droga! Me desculpe! Meu nome é Bugundu, vou te levar até o pai!

Os olhos de Ícaro se esbugalharam exatamente como os de sua mãe se esbugalhavam. Queria gritar, mas não conseguia. E antes que conseguisse, a porta vermelha no final do corredor se abriu. Todos se calaram. Todos pareciam nervosos. A madeira do chão começou a ranger, e os olhos do medroso foram acompanhando o chão desde os seus pés até a direção da porta. Estava com medo de levantar a cabeça de supetão e se assustar com o que veria.

Pai Maria-João adentrou na sala segurando uma caixa de bombons da Garoto.

- Eu posso saber que zeco-zeco é esse na minha casa, hum? –perguntou com sua voz grossa, e levando uma das mãos até a cintura. – Será que num se respeita o sossego, meus fios? Hum?

Ícaro finalmente encarou. Não achou tão estranho quanto imaginava que seria, apenas bem mais gordo, porém, sentiu medo de se aproximar. A menina de voz demoníaca seguiu saltitante pela sala e se aproximou de Maria-João cantarolando alguns lá-lá-lás.

-Oh, Bugundu! Novamente tu baixou num erê, né? precisa deixar essas “mania” de lado! Tem que ir a oló, Hum! Que é que tá acontecendo aqui na minha casa? Hum? Que fuzuê é esse?

-Ah, Pai, esse moço aí se assustou com minha voz! Aí começou essa bagunça na sua macaia! – explicou ela, que ainda não tinha deixado o rapaz à vontade com sua voz desconexa com seu corpo de menina.

Maria-João começou a se aproximar de Ícaro, que sentia suas pernas tremerem. O suor começou a escorrer por suas têmporas, seu rosto começou a ruborizar, e a vontade de correr dali aumentava a cada passo que a mulher... Que o homem... Enfim, que o Pai de santo dava.

-Sinto que ocê é uma pessoa aflita, moço! Hum! É um perna-de-calça que tá com sérios “problema” no amor, né? Hum? Quer seu amor de volta... Foi abandonado tem pouco tempo, hum? – ia proferindo enquanto se aproximava de Ícaro, que nesse momento, já achava que ia morrer do coração e se preparava para pedir desculpas por urinar nas próprias calças.

Ícaro podia sentir o hálito de charuto misturado com o bombom Serenata de Amor que saía da boca de Maria-João. Mas o que mais o impressionava é que ela/ele sabia de tudo sobre ele. Tudo bem que ele já havia dito algumas poucas coisas por telefone, mas não havia marcado hora, nem dito suas características físicas. Mas tudo já se sabia
Maria-João segurou as mãos do rapaz cordialmente. Olhou no fundo de seus olhos por alguns instantes e depois entrou em transe. O globo ocular de seus olhos foi tomado por uma cor acinzentada. Sua voz mudou para uma voz mais fina e infantil.

-O ebó num precisa ser de luxo. O ebó pra conseguir seu amor, é coisa pouca. É coisa fácil! Cê, mi fio, cê consegue isso fácil. Seu amor vai voltar pra tu, e cês vão viver bem de novo. Mas toma cuidado! O amor de ocês é mal visto. O amor dela num é tão forte, por causa desse encosto contra ocês. É muita inveja! É muita crítica! É muita coisa negativa que vem de ocê também! – disse Maria-João soltando as mãos de Ícaro e logo em seguida voltando a sua voz mais ou menos normal. – Trouxe o dinheiro? tem certeza que quer fazer isso?

Curioso com o que acabara de escutar, Ícaro pôs as mãos dentro do bolso, e retirou os setenta Reais trocadinhos. Entregou à menina de voz grave e ficou esperando as ordens. Basicamente, ou não, o que lhe foi pedido fora uma calcinha usada, um absorvente com o primeiro fluxo do primeiro dia do período menstrual do mês, um perfume dado pela moça e dois fios de cabelos da parte da frente.

Adiantando as coisas, Ícaro conseguiu todos os ingredientes pedidos e os entregou uma semana depois, portanto a forma como os conseguiu não vem ao caso agora, mas eu adianto que, num futuro próximo, será lançado o livro “Como Ícaro conseguiu um modes sujo”, que, inclusive, já tem os direitos comprados por Hollywood para virar filme, e que terá o sumido Macaulay Culkin fazendo o papel de Ícaro. Será um bom filme. Melhor que a saga Crepúsculo, com certeza!
 
5
Após entregar tudo que conseguira (e que sairá no filme), Ícaro entrou no processo de espera. Não conseguia dormir, não conseguia prestar a atenção nas coisas. Estava ansioso para que recebesse noticias de Daniela. Passou-se o primeiro dia, na manhã de terça-feira, ele teve um dia normal. Ficou em casa jogando videogame, formatou seu currículo para procurar emprego assim que se sentisse melhor, conversou com seus colegas sobre a produção de uma festa junina após o dia dos namorados no bairro.

Enquanto isso, nessa mesma terça-feira, Daniela acordou com a estranha sensação de que estava faltando algo na sua vida. Apenas não sabia o que. Fora pra casa de sua prima, fizeram as unhas, conversou com suas amigas sobre maquiagem e sobre o que fariam no dia dos namorados, no caso as meninas apenas, pois Dani continuava solteira.

Na quarta-feira, mais uma vez Ícaro acordou bem. Estava ansioso, mas não tanto no primeiro dia. Foi até o mercado da esquina, no caminho comprou o jornal para pegar o selo da promoção que, ao total de dez e mais vinte Reais, trocaria por um jogo de panelas para a sua mãe. Pensou um pouco sobre como pudera começar a trabalhar tão tarde, e que talvez por isso Daniela não conseguisse se vê no futuro ao seu lado.

Já a moça, assim que acordou nessa mesma quarta-feira, resolveu reler cartas antigas, e rever fotos da época em que namorava com Ícaro. Fazia quase um mês que tinham terminado, e agora, estranhamente, ela estava sentindo falta. Olhava para as fotos e sentia saudade do cheiro de seu ex. abraçou algumas cartas, e deixou que as lágrimas caíssem por seu rosto e que ao borrarem algumas letras acabaram criando manchas de formatos muito interessantes, e que se algum espertinho as visse, provavelmente poderia afirmar que conseguiria ler o futuro das pessoas nelas.

Na quinta feira, Ícaro foi até a lanchonete com seu amigo Júnior. Sua mãe estava o esperando para almoçar, mas o amigo de seu filho o ligara para falar algo muito importante. Pelo menos foi assim que ele descreveu ao telefone. E Ícaro saiu correndo na direção da lanchonete.

- E aí, Júnior? Qual o problema? – perguntou ele assim que se sentou de frente para o amigo, muito ofegante após correr o mais rápido que conseguira.

- Cara, você vai ter um treco, mas eu ouvi dizer que a Dani quer voltar contigo...

Tal frase foi o suficiente para que Ícaro saísse correndo de volta pra casa, se trancasse no quarto e assim, começasse a pular sobre sua cama como uma criança feliz por ter ganhado um presente novo. Não procurou saber a procedência das informações, mas mesmo assim, comemorou imaturamente durante toda a tarde.

Dani, nessa quinta, amanheceu triste e resfriada. Conferiu seu celular por diversas vezes, mas não sabia ao certo o que queria encontrar. Deitada sobre sua cama, coberta até o pescoço, tentava dormir o máximo possível, para tentar expulsar toda aquela tristeza que a dominava. No fundo sabia, mas não queria aceitar que o que faltava na sua vida, era algo que ela mesma tirara num tempinho atrás.

Às onze da noite Ícaro se sentou na poltrona da sala de sua casa, abriu um daqueles pacotes imensos de Dorito’s, (que provavelmente não comeria todo, deixando quase que a metade guardada dentro do armário da cozinha, e, quando por fim o reencontrasse, teria “nojinho” e o jogaria no lixo), e ficou apenas esperando. Breve, breve, a simpatia poderia dar resultado. E ele queria estar acordado para ver o seu grande amor voltar para a sua vida. Seu telefone tocou. Imediatamente olhou para o relógio e se perguntou se poderia ser Dani. Será que a simpatia já tinha dado resultado duas horas antes do combinado? Afinal, tudo só começaria após a primeira hora do quarto dia. Atendeu ansioso, mas logo diminuiu essa ansiedade.

- Alô?

- Aqui é o Pai Maria-João. Tudo bem com ocê, mi fio?

- Sim... Aconteceu alguma coisa?

- Não, não. É que eu gosto de ligar pros meus clientes, hum! Para saber se tá tudo bem... A menina apareceu já? Hum?

- Ainda não... Mas ainda não está na hora, né?

- Isso... Isso... Mas tudo vai dar certo. Eu queria falar que... Talvez, ela volte para tu um pouco diferente, hum!

- Como assim diferente?- perguntou Ícaro levantando-se preocupado da poltrona.

- É que talvez sua moça mi fio, talvez ela ame você além do necessário. Pelo menos foi isso que os orixás disseram. É que aconteceu alguma coisa entre ocês, que pode ter deixado as coisas um pouco mais complicadas! Nada grave, hum! Alguém pode...

- Não... Como assim nada grave? O que aconte...

A mãe de Ícaro entrou na sala nesse momento. O rapaz, com medo de ser descoberto, afinal dona Evenilda era extremamente católica, e saber que o filho estava envolvido com feitiços poderia gerar uma enorme dor de cabeça. Desligou o telefone.

- O que há de tão grave, filho? – perguntou ela, entrando na sala e se sentando no sofá.

Ícaro, totalmente sem jeito, colocou seu telefone sobre o braço da poltrona, só que o aparelho foi escorregando e caiu no chão. Ao se abaixar, ele reparou que o folheto do Pai Maria-João estava no chão. Rapidamente o pegou.

- Mas onde caiu esse celular, menino? Foi pra Nárnia?.. Ah, não! Nárnia é pelo guarda-roupas... – perguntou dona Evenilda reparando a demora do filho para se levantar do chão.

Sem saber aonde colocar o folheto, Ícaro o colocou de uma vez por todas dentro de sua boca. E assim se levantou. O problema é que ele achou que sua mãe não notaria...

- Que é que é isso, Ícaro Roberto? Depois de velho tá dando pra comer coisas do chão, menino?

Rapidamente ele cuspiu o papel na mão, e colocou-o dentro de suas calças. Achando novamente que sua mãe não notaria.

- Ícaro Roberto, estou começando a achar que você está com problemas sérios! Eu vou deitar, sabe? Não quero meu filho fazendo coisas estranhas. Espero que não tenha nada a ver com aquelazinha que te largou, viu? Supere-se!

- Não, não, mãe. Eu estou superando.

- Ótimo... Ótimo. Fica de olho no Guga, viu? Ele está com medo de alguma coisa, e não sei do que. – disse ela apontando para o cãozinho de duas cores que o observava trêmulo.

Ícaro deu um beijo no rosto de sua mãe, e depois voltou para a poltrona, já sem a mínima vontade de terminar o pacote de Dorito’s. Ficou trocando de canais tentando encontrar algo que o entretece até à uma da manhã, mas nada prendia sua atenção. Guga, devagar e com aquele olhar de cachorrinho sem dono, que só cachorrinhos sabem fazer, subiu no colo do dono e ali se acomodou.

- Você que é feliz, né Guga? Gosta dos donos, só eles já lhe bastam pra viver... É bem tratado. Às vezes invejo sua vida...

Conforme ia fazendo carinho em suas orelhas, os olhos de Ícaro também foram ficando pesados, exatamente como os de seu cãozinho. O sono vinha tomando seu corpo, e ele lutando contra. Através da visão já embaçada pelo cansaço, conferiu as horas na tela de seu celular. Ainda eram onze e meia da noite. Piscou... Olhou e era meia e noite... Piscou novamente... Eram duas da manhã.

Num salto de desespero, deu um pulo da poltrona que fez o pequeno Guga voar contra a parede, e se esconder atrás do sofá, até se dar conta que não se tratava de um ataque terroristas dos gatos da rua que o ameaçavam de morte.

-Desculpa Guga! – desculpou-se indo imediatamente para a janela. – Cadê ela? Já são duas da manhã... Merda! Não acredito que fui enganado por aquele traveco de meio bigode!

Correu para o quintal da casa e se apoiou no muro para tentar ver alguma coisa do lado de fora de casa. Na rua, apenas alguns jovens faziam algazarra, e crackudos usavam seu crack sentados do outro lado da rua, abrigados debaixo de uma marquise de uma loja abandonada.

-Não pode ser... Não pode ser! Será que contei os dias errado?

Voltou pra casa correndo e ao passar pela sala, foi seguido por Guga.
Entrou em seu quarto escuro e fechou a porta. Apoiou a sua testa na porta e ficou batendo-a levemente.


- Cadê você, Dani... Cadê você? Poxa, como fui burro em acreditar naquele traveco! Tá na cara que era tudo farsa... Aquela criança demoníaca! Ele estava disfarçando aquela voz... A Maísa faz isso na televisão, por que uma crian...

-Ícaro? Está tudo bem? – disse uma voz vinda da direção de sua cama.

Assustado, ele se virou e nada conseguia enxergar devido à escuridão. Foi se aproximando lentamente até chegar ao interruptor. Estava curioso. A porta de casa estava trancada, a dos fundos também, quem estaria ali? Por fim, acendeu a luz.

- Eu não acredito! – suspirou ao ver a surpresa sobre sua cama.
 
6
Deitada sobre a cama, e coberta com o edredom preferido de Ícaro, lá estava Daniela, sorridente, e parecendo muito feliz em vê-lo. Ele, desacreditado, foi se aproximando da cama.

-Posso  sentar ao seu lado? Perguntou nervoso.

-Ora, mas é claro. Eu que tenho que pedir pra deitar aqui. Eu te chamei pela janela, mas você estava tão fofo deitado com o Guga na sala, dormindo, que eu não te acordei. Entrei pela janela, e sem querer a quebrei... Desculpa?

- Você... Você quebrou minha janela do quarto? – perguntou Ícaro com um olhar ainda mais desacreditado, e olhando para a janela completamente quebrada.

-Sim, quebrei. Desculpa! Eu prometo que pago tudo...

-Só um instantinho? Eu preciso ir ao banheiro... – disse o rapaz saindo do quarto sem ao menos esperar que ela o respondesse.

Correu até o banheiro, trancou a porta e nem se deu ao trabalho de acender as luzes. Iniciou-se então uma cena ridícula. Extremamente feliz pelo acontecido, e muito animado por finalmente tê-la ali na sua cama após o término, Ícaro começou a dançar dentro do banheiro, exatamente como um nerd dançaria após zerar o novo jogo de X-BOX 360. Imaginem uma dança ridícula? Pois a de Ícaro era o triplo do dobro disso!

Misturava alguns passinhos sem total harmonia, pescoço girando pra lá e pra cá, e também uma coisa esquisita que ele fazia com os braços que não tem nem como descrever, mas que lembrava muito o ritual de acasalamento dos Mamutes. Quem tem Discovery, sabe do que estou falando.

Suando em bicas, eufórico e bufando como uma criança asmática, ele parou diante do espelho, acendeu a luz, e sorriu. A felicidade transbordava. Se você passasse por ele naquele momento, você diria: “Ei, esse rapaz é feliz!”. Estava louco para voltar para o quarto e aproveitar Dani. Ter a certeza de que aquilo tudo realmente estava acontecendo.
Abriu o pequeno armário e pegou o frasco de Listerine. Bochechou por alguns segundos, e fez cara de dor, pois todos sabem que Listerine arde e queima a gengiva como ninguém. Ao final disso, secou a boca com a toalha bordada por sua mãe, pendurada ao prendedor de toalhas e abriu a porta do banheiro decidido. Houve outra surpresa, pois parada na porta, usando apenas um lençol semitransparente como roupa, estava Daniela com um sorriso insinuante, e que nem esperou que Ícaro falasse algo, apenas se jogou sobre ele, e ali, no chão do banheiro, eles se amaram e viraram a madrugada.


Pela manhã, Ícaro despertou de bom humor. Achando se tratar de um sonho, rapidamente apalpou ao seu lado, e pôde sentir o corpo de Daniela. Virou-se para beijá-la e levou um susto. Não era Dani, era na verdade Guga, o encarando e lambendo seu rosto. O rapaz se levantou e foi até a cozinha. Enquanto corria, pensou no problema que sua mãe arrumaria se visse Daniela na casa, e se soubesse que ela passara a noite ali.

Ao entrar na cozinha, ele apenas viu a sua amada colocando o café sobre a mesa, sem sinal de dona Evenilda.

- Oi amor! – disse a moça indo na direção do namorado beijá-lo.- Fiz café e torradas. Acho que queimei algumas, mas estão gostosas.

-Vem cá, minha mãe... Nada? Não acordou ainda? – perguntou Ícaro enquanto olhava para a porta da cozinha prevendo que logo sua mãe entraria furiosa.

- Não, ela ainda não acordou. Pelo menos eu acho. Vai, prova as torradas!

Ícaro esticou as mãos até o prato no centro da mesa e pegou uma torrada. Realmente estava queimada, mas ele não queria chatear sua amada. Mastigou-a sentindo o gosto de cinza na boca, mas fazendo a cara de quem parecia estar comendo... Sei lá... Um Top Sundae... Eu gosto de Top Sundaes.

Após o café, os dois voltaram para o quarto e lá se trancaram mais uma vez. Deitados na cama de costas para o teto, os dois se entreolhavam apaixonados. Ícaro pensava em como aquilo seria possível. Como aquilo teria acontecido.

- Tá tudo bem com você, Dani?

- Sim, amor. Agora está tudo ótimo! Estava morrendo de saudades de você! Não quero te deixar nunca mais. Foi o pior mês da minha vida! - respondeu toda romântica e enchendo o namorado de beijos.

- Quando você resolveu voltar, Dani? Achei que não queria mais me ver.

- Não quero falar disso, Ícaro. Vamos esquecer essa fase! Vamos viver nosso amor hoje! Eu fui boba! Eu não entendi você. Eu agora sei que te amo muito. Amanhã vou tatuar seu nome nas minhas costas. Já até marquei.

- Ah, amor, não precisa! Eu sei que você me ama! Eu também te amo!

- Ícaro, eu quero fazer essa tattoo, ok? Quero me redimir por ter te deixado... Eu te amo tanto! – respondeu incisiva, e assim, voltando a beijá-lo.

O rapaz estava satisfeito. Estava feliz, e nunca havia escutado tantos EU TE AMOs da boca de Daniela. A menina tinha realmente voltado, estava caidinha por ele, como nunca fora antes de terminarem. Parecia que Ícaro tinha investido muito bem seus setenta Reais.

Aquela semana fora maravilhosa. Perfeita sintonia entre os dois. Nos dois anos que passaram juntos, nunca tinham namorado tanto, rido tanto, e se declarado tanto. Estavam visivelmente apaixonados e fizeram programas de namorados.

Foram ao cinema, ao shopping, ao zoológico, ao supermercado comprar besteiras, pediram pizzas... Ícaro parecia outro cara. Não andava mais cabisbaixo, e sua mãe notara tal diferença, mas achou que se tratasse apenas de euforia momentânea, que ela achava existir na cabeça dos jovens de hoje em dia.

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NÃO DEIXEM DE SABER COMO TERMINA ESSA HISTÓRIA!!
Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 13/06/2012
Reeditado em 01/07/2012
Código do texto: T3721205
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