Proseando em duplo sentido

Minha esposa sempre foi contra este meu lado artístico. Vivia me chamando de artista de meia tigela porque eu só fazia show gratuito. Até que um dia, apareceu em minha cidade, um moço boa pinta, dizendo ser empresário.

Logo fizemos amizade e, ele me arrumou um show em Suzano, no Teatro Municipal. Fiz um show de humor para 200 pessoas aproximadamente. O teatro lotou. Fui muito aplaudido.

Assim que terminei, lá pelas 23 h mais ou menos, procurei o tal empresário e nada... O cara fugiu com a grana toda, mesmo porque ele havia recebido adiantado.

Eu tive que vir de carona até Mogi das cruzes, de lá até Guararema, vim de ônibus.

Cheguei a casa lá por volta das 2 h com uma fome danada, pois eu não tinha dinheiro para comprar um lanche.

Reclamei para esposa que eu estava com fome; contei-lhe a história, ela não acreditou evidentemente. E me falou:_ Tá com fome coma cru, o gás acabou e só têm feijão e arroz. A geladeira está vazia.

Eu comentei fazendo uma piada. Afinal sou humorista. E todo bom humorista faz piada da sua própria derrota, disse-lhe: _Com a fome que eu estou, vou comer cru, mesmo. Já pensou se a moda pega, todo mundo comendo cru; não há cru que aguente! É ou é.

A situação está cada vez pior. Até mulher de comerciante está reclamando. A dona Sofia, minha vizinha, ela tem uma boutique e, o seu marido tem uma mercearia.

Ela chegou pra mim e falou:_ O negócio do meu marido está cada dia pior. Está caindo dia a dia. Estou com medo que o negócio dele caia duma vez e não levante mais. Acho que vou fechar o meu negócio para o dele poder levantar!

Eu a aconselhei:_ Não faça isso, o negócio seu é bem melhor do que dele. Deixa o seu negócio aberto de dia e de noite; faz a propaganda que o seu negócio vai encher de freguesia!

E quanto ao negócio do seu marido, a senhora corte... Corte o fiado.

Minha irmã foi trabalhar na capital de São Paulo, quando voltou, voltou com numa arrogância

que dava desgosto. Meu pai mandou que ela fosse comprar fumo. Ela foi contrariada, mas não poderia negar porque o meu pai era muito severo.

Chegou ao armazém, todo mundo olhando, ela encosta no balcão e pede com aquela fala toda dengosa:_ Me vê aí cem gramas defumo... E olha para o pessoal e acrescenta:_ mas não vão pensar que o fumo é para mim, é para o meu pai. Capaz que eu vou colocar na boca uma coisa fedida dessa. Eu só fumo Minister com filtro, mora!

Estava um caboclo, matuto não deixa nada por menos, e comenta:_ É que ocê num tá acostumada com fumo de rolo, mai si o ocê acostumá, vai dá mai valor para um pedaço de fumo no tamanho de um parmo, do que um pacote de ministão.