Exmº. Sr. Dr. juiz da 16ª. Vara do Trabalho do Rio de Janeiro.
Maria & Maria, advogada do reclamante Maria
da Silva & Silva, vem, ante a presença de V. Exª., informar que, de uma forma
ou de outra, resolveu renunciar aos poderes doados pelo autor na folha
da procuração. Que a presente renúncia tem motivos justificadores
suficientes, trazendo desânimo até a alma; senão, vejamos agora:
1 - A ilustre advogada renunciante é considerada pela maioria a maior
advogada de Duque de Caxias (RJ), a mais brilhante, pois sou
competente, conheço muito o direito, o errado e o certo. Minha
insatisfação é originária da mudança no nome de 'Justiça do Trabalho'.
Antes, chamava-se JCJ (Junta de Conciliação e Julgamento), e agora
passou a chamar-se "Vara". Esta nova denominação me trouxe e me traz
diariamente imensos e grandes constrangimentos.
2 - Antes, para vir fazer audiências ou acompanhar processos eu
entrava na Junta, e agora sou obrigada a dizer "estou entrando na
Vara", "fui à Vara", "fiquei esperando sentada na Vara". Não concordo.
Sou mulher, de respeito, não gosto de gracejos. Deixo a 'Vara' para
quem gosta de 'Vara': funcionários 'varejistas', homossexuais, que tem
muito, fiquem na 'Vara', permaneçam na 'Vara', trabalhem com 'Vara'.
Saio desgostosa por não concordar com termo pornográfico, vara pra lá,
vara pra cá...
Em tempo - Outro dia, estava entrando no prédio da Justiça do Trabalho
e o meu telefone celular tocou. Era meu marido. Ele perguntou: "onde
você está"? E olha só o constrangimento da minha resposta: "Entrando
na décima Vara".
Assim, comunico minha renúncia. Já comuniquei verbalmente a meu
ex-cliente, tudo na forma da lei.
Assim posto,
Peço e aguardo deferimento.
Rio de Janeiro, 05-05-2002.
Drª Maria & Maria
Advogada – OAB- RJ 00000