QUEIMADURAS DO SOL

QUEIMADURAS DO SOL

(Autor: Antonio Brás Constante)

O verão é uma época cheia de coisas boas e coisas ruins. Como todo mundo geralmente se lembra das coisas boas, vou utilizar este texto como um serviço de utilidade pública, ressaltando um dos mais terríveis problemas do verão: as queimaduras de sol.

Quem nunca sentiu na pele estas terríveis queimaduras? Justamente por ser a pele a parte mais lesada do corpo. Ardida. Sofrida. Transformada em algo vermelho e inflamado.

Tudo começa de forma inocente. Uma partida de futebol ao ar livre. Uma caminhada na beira da praia. Ou mesmo algum pequeno serviço feito no pátio. Sempre acompanhados de uma deliciosa cervejinha, que refresca e anima qualquer tarefa.

A primeira coisa que tiramos nestas horas é a camisa, que deixa de ser companheira para se tornar algo irritante. Somos homens e como tal não será um “solzinho qualquer” que nos fará algum mal. Ao contrário, aproveitaremos para pegar um belo bronzeado enquanto nos exercitamos. A convicção de que somos invulneráveis, termina ao sentirmos as primeiras ardências nas costas e ombros.

Após sofrer uma queimadura, a pessoa passa por estágios de sofrimento. Nos primeiros dias seu corpo fica todo dolorido, não podendo encostar-se em nada. Vestir uma roupa é um tormento indescritível. Deitar para dormir significa pagar todos os seus pecados com juros e correção monetária.

Nos dias que se seguem à dor dá lugar a outro incômodo tão horrível quanto ela, pois inicia a implacável coceira. Se você pudesse arrancaria a própria pele de tanta coceira que sente. Mas sabe que isto logo vai acabar, com a pele se descascando naturalmente.

Então chegamos ao terceiro estágio. A pele descascando. Os pedaços secos dela se desgrudando de seu corpo. Deixando você parecido com uma colcha de remendos. A outrora pele bronzeada vai se transformando em pequenos pedaços soltos, deixando-lhe com uma aparência hedionda.

Finalmente acaba. Salvo por algumas manchas, tudo volta ao normal. A nova pele toma o lugar da antiga e você pode novamente sair de casa sem parecer um leproso na rua. Dizendo para si mesmo que aprendeu a lição. Pena que estas lições da vida acabam sendo esquecidas ao sabor de novos goles de cerveja.

(SITES: www.abrasc.pop.com.br e www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc)

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 29/01/2007
Código do texto: T362537