Sonho estranho
- Amor. – fala beijando o pescoço, daquele jeito que a mulher só faz quando vai soltar uma pergunta cabeluda.
- Hum?
- Você já me traiu?
- Que pergunta besta... – para de assistir a TV.
- Já?
- Lógico que não!
- Não minta.
- Meri...
- Sim ou não.
- Já falei que não.
Silencio.
Que dura pouco.
- Nem nos sonhos?
- Oi?
- Nunca sonhou que estava com outra mulher.
- Não.
- Ah, para, todo mundo já sonhou, eu já sonhei que estava com outros homens, com o George Clooney, Gianechinni.
Silencio.
- Vai, responde!
- Sonho não é traição.
- Ah então quer dizer que você já me traiu nos sonhos?
- Nada a ver, eu não controlo meu sonhos.
- Não mesmo... Quem controla é mulher que ta nele.
- Para de viajar Meriane.
Silencio. Volta a olhar para TV.
- Ela é bonita?
- Ela quem?
- A mulher que você está me traindo.
- Já falei que eu não tenho nada a ver com isso.
- Que seja, a mulher dos seus sonhos. É bonita?
- Não sei.
- É mais bonita do que eu?
- Eu não me lembro do rosto.
- ah, então você viu ela pelada!
- Eu não vou mais responder isso. Chega!
Silencio.
- Viu né, viu que eu sei. Seu sonho é ver uma mulher pelada.
Silencio.
- É sempre a mesma? Ou tem mais?
Silencio.
- Anda, fala.
- Você está pirando.
- Tem mais de uma né, você é um sem vergonha. E eu olhava pra sua carinha de feliz dormindo, tão bonzinho. Agora eu entendi o por que daquele sorrisinho, tava com essas piranhas.
- Meu Deus.
Levanta e vai para ir para o quarto.
- Pode ficar com elas aqui na sala, não quero essas mulheres na minha cama.
- Ah, mas você também falou que já sonhou com outros homens!
- Mas o Clooney não conta como traição. – bate a porta do quarto.
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- Menina você não sabe o sonho que eu tive.
- Ui, me fala.
- Sonhei que acordava num lugar estranho.
- Lugar estranho?
- É, uma casa grande, com as paredes pretas.
- Nossa.
- No quarto onde eu estava tinha varias camas vazias.
- Estava arrumadas ou bagunçadas.
- Que diferença faz?
- Não sei, mas é que tenho agonia de cama desarrumada.
- Tava arrumada, como se ninguém nunca tivesse deitado nelas.
- Que desperdício, tantas camas e lá em casa não tem uma pras visitas, tem que colocar o Aroldo pra encher aquele colchão com a boca.
Silencio.
- Ah desculpa, pode continuar.
- Eu sai do quarto e tinha um corredor grande, cheio de quadros com todas as pessoas que passaram na minha vida, desde a infância.
- Ah, então tinha bastante quadro hein, por que sua infância já faz tempo.
Da risadas sozinha a amiga fica séria.
- Desculpa.
- Eu ia caminhando no corredor, ele ia ficando cada vez.
- Falei pra você fechar a boca, mas não, você não me escuta.
- Eu não vou falar mais nada.
- Ta, ta, continua, não vou mais me intrometer.
- Eu chegava numa portinha, ela estava trancada, então não sei o porque eu coloquei a mão no bolso e senti uma chave.
- E aí?
- Aí eu abria a portinha e entrava, a porta dava pra uma praia deserta.
- Nossa!
- Lá estava cheio de bombeiros, lindo e sarados.
- Hum que inveja.
- Então eu tirei a minha roupa e fui para o mar. Lá comecei a me afogar. Então os bombeiros vinham e me salvavam.
- Malandra.
- O que era estranho é que nenhum me quis, eram todos viados.
- A não se fazem mais nem bombeiros dos sonhos como antigamente
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Toda mulher acha que nasce com um dom: o de interpretar os sonhos.
No meio da noite, Benedito, acorda com um pulo na cama, acordando também a mulher.
- O que foi Benedito.
- Tive um pesadelo.
- Com o que?
- Não, nada não. – vira para o lado tentando desconversar.
- Fala Benedito.
- Foi só um pesadelo. Dorme. – desliga a luz.
A mulher fica sentada na cama olhando para ele, que finalmente cede, senta na cama e começa a contar o sonho.
- Ta, ta... eu conto.
- Vai.
- Então eu estava fugindo de uns caras.
- Como era esses caras?
- Tem importância?
- Sim.
- Era, uns homens com cara de mal.
- Ah quer dizer que você tem que cuidar com as más companhias, evitar aquele Flavinho.
- O que o Flavinho tem a ver com o pesadelo?
- Não sei, só to tentando interpretar o sonho. Continua.
- Então eles vinham me seguindo e do nada eu caia num buraco...
- Hum, isso não é bom, não é nada bom.
- O que?
- Sonhar que está caindo num buraco, quer dizer queda na vida particular, tomara que não me afete.
Benedito olha com uma cara de bravo para mulher.
- Vai, continua.
- Dentro desse buraco estava cheio de ratos e insetos.
- Rato e insetos, quer dizer que você está precisando de uma limpeza. Se livrar dos maus fluidos.
- É, faz tempo que não me livro de algum fluido.
- Oi?
- Nada.
- Continua.
- Os bichos me viam e começavam a vir pra cima de mim, eu começava a escalar o buraco.
- Novos desafios.
- ãhm?
- Escalar, quer dizer que você está buscando novos desafios.
- Quando eu chegava lá em cima os caras estavam me esperando, então eu só tinha duas opções ou voltar para o buraco ou enfrentar ele.
- Indecisão. Mostra que você tem que tomar uma posição na vida. Se impor. Logo, logo terá que tomar uma decisão. Mas continua.
- Então eu ia recuando e eles se aproximando, eu indo, eles vindo, então quando eu estava na beira do buraco e eles o mais próximos de mim eu acordei.
- Como assim?
- Como assim o que? Eu acordei!
- Não pode, você tinha que ter terminado.
- Você é louca. – deita e vira de costas pra ela.
- E você é um banana que não sai de cima do muro, com um amigo mau caráter. – deita e se vira, também dando as costas. – tomara que você volte para o seu pesadelo.
- É e que os homens me peguem e me matem. – resmunga.