MARIA BRETEIRA
MARIA BRETEIRA
Jorge Linhaça
Ela fica ali zoiando
quereno a atenção
que acuaso lhe for dando
quarquer um dos peão
vai logo si insinuando
quereno seu coração.
Fica sentada nu brete
isperanu acontecê
ela é rainha do flerte
venenosa como o quê
podi chuve canivete
que num larga do ocê
quer ser vista e desejada
ser rainha da ficação
é figurinha carimbada
em toda festa de peão
maria breteira danada
rodando de mão em mão
quer um peão famoso
pra segurá di vez
seu olhar malicioso
vai embromando o fregueis
e o peão qui é guloso
nun conta nem até três
Mió montá touro bravo
nem que seja o bandido
fica co'as marca dos cravo
dos cavalo enloquecido
do que virar escravo
desse amor destrutivo
Maria breteira é assim
quer a fama do peão
se a fama chega ao fim
ela troca logo di mão
e se manda pros confins
em busca de outra ilusão.
Credo em cruz, ave maria,
valha-me nossa sinhora
do poder da artilharia
das breteira de agora
vou parano a cantoria
digo adeus e vo'mimbora.