O Estatuto da Morte
- Matarei a tudo e a todos, menos a Deus, que está sobre todas as coisas.
- Não terei piedade e chegarei tanto de dia, quanto de noite, tanto na chuva quanto no sol, não dando avisos, ou às vezes avisando, mas sem dar a ninguém a certeza absoluta do momento exato da minha chegada, bastando apenas que saibam que um dia chegarei.
- Serei criativa e versátil, podendo surpreendê-lo nos momentos de maior alegria, bem como no auge de uma grande tristeza.
- Não pararei de trabalhar um dia sequer, dando sempre a certeza da minha presença.
- Não temerei matar nada, e nem ninguém.
- Serei pontual na chegada, bem como na partida, cumprindo rigidamente a minha agenda secreta.
- Não me importarei com o que pensam de mim, nem com o que dizem a meu respeito, nem com as falsas imagens que de mim fizerem, nem com as lendas que de mim contarem sendo sempre eu mesma o tempo todo.
- Não invejarei a brevidade da vida dos homens nem a extensa longevidade das estrelas, pois um dia todos terão em mim o seu fim.
- Não amaldiçoarei a minha própria sorte, nem a minha própria vida, nem qualquer vida que venha a liquidar.
- Aguardarei, paciente, todo o ciclo da minha existência que somente se encerrará juntamente ao Fim dos Temos que, se chegar, decretará o fim de tudo que um dia existiu, menos do próprio Deus, que existe de todo o sempre...