Zé e a saúde pública
- E aí Zé, como foi no Centro de Saúde hoje?
- Foi bom! Graças a Deus, deu tudo certo.
- Ainda bem. E o que o médico lhe disse? Prescreveu algum remédio? Exames? Tem algum diagnóstico possível?
- Eita! Eita! Quanta pergunta! Prescre... Prescre... O Quê?
- Prescreveu. Receitou.
- Ah! Entendi.
- Então?
- Que nada! Nem vi a cara do médico. A pessoa que me atendeu marcou a consulta para o mês que vem.
- Eu não estou entendendo nada. Como que deu tudo certo? Nem consultado você foi.
- É mais... Acho que foi melhor assim.
- Como assim? Sinto muito Zé, mas eu acho que você esta ficando louco.
- Veja bem, se tudo correr bem, daqui a um mês eu já estarei bem. De preferência curado. Sem precisar tomar qualquer tipo de remédio, sem precisar fazer qualquer tipo de exame. Não é uma maravilhava?
- Maravilha Zé? Maravilha?
- E tem mais, quando eu ligar para desmarcar a consulta, ainda vou ajudar alguém, que, com certeza estará precisando urgente de uma consulta, e, poderá fazer uso da minha vaga. Isso é uma beleza. Eu amo o serviço público de saúde. Amo.
- Não acredito no que estou ouvindo.
- Pode acreditar, amigo. Eita país maravilhoso. Eu amo esse lugar. Vou ficar curado, sem ser consultado. Sem tomar remédio. Que bom... Que bom...
- Não acredito no que estou ouvindo. Não acredito. Sabe de uma coisa, acho que eu é que vou tomar um remédio.
- Pode ir... Nem todo mundo tem a sorte que eu tenho... Vai se intoxicar. Vai.
- Acho que vou surtar... Se vou... Zé um dia você vai me deixar louco, se vai. Só você para ver coisa boa, nessa terrível situação. Só você mesmo.
- Que nada, você é que só pensa no lado ruim das coisas. Seu pessimista. Por isso que as coisas estão assim. Pessimismo odeio isto. Tchau! Vou sair daqui antes de ser contaminado por você. Tchau.