O ALIVIO SENTADO E A AGONIA DO INTESTINO SOLTO
O alívio sentado e a agonia do intestino solto
Fui à biblioteca para falar com Sacolinha uns assuntos pendentes da Associação.
Procurei-o na recepção cadê o Sacolinha? A atendente olha para mim e dá risada: ele está telefonando. Tudo bem, vou esperar; olha vou ao banheiro e já volto se ele aparecer fala que eu quero falar com ele.
Ela começa a rir, tudo bem, fiquei sem entender e sai, quando chego na porta do banheiro: --Nossa, parece que tem um cachorro morto aqui.
Estou apertado, não tem jeito, tenho que entrar.
Entro no banheiro: nossa, o negócio aqui dentro está pior, vou tirar água do joelho e saio o mais rápido possível daqui, derrepente escuto uns peidos e uns gemidos: ”sai deste corpo que já não te pertence” de trás de uma das portas, bato e pergunto: precisa de ajuda e sai de trás da porta uma voz dizendo baixa rouca não preciso de ajuda.
Sacolinha é você! A atendente falou que você “estava telefonando” agora entendi as risadas dela.
-Paulo é você, só me faltava essa, você aqui dentro; vê se não vai escrever nada disso.
-Sacolinha, imagina que eu vou escrever alguma coisa quem sabe só uma historinha, já estou até pensando no título “O alivio sentado e à agonia do intestino solto” Sacolinha vou esperar você lá fora o que você comeu ta bravo.
Depois de uma hora o Sacolinha sai amarelo, tremendo, se escorando todo suado na porta do banheiro.
-Paulo, por favor, me leva para minha sala, aí vou tentar falar com você.
-Olha Sacolinha, queria saber se amanhã vai ter reunião. E sacolinha fala: Paulo reunião não sei se vai ter, só sei que vou ter que voltar para o banheiro de novo, tchau!
Sacolinha desce as escadas da biblioteca correndo, segurando as calças entre um peido e outro. Lá vai Sacolinha correndo pelo corredor.
E eu fiquei sem saber da reunião.
Paulo Pereira
Associação Cultural Literatura no Brasil
paulo.pereira13@isbt.com.br