DIETA CIVIL (2)
O padre da matriz
bebe vinho, come pão
e empina o nariz...
O jogador de futebol de areia
come a bola
e o próprio pé-de-meia.
O presidente da nação
degusta prestígio, bebe discursos
e arrota o texto da Constituição.
Para o ator não há problema:
devora o script e come a mocinha.
É mesmo um artista de cinema.
O gerenciador de obras,
para construir casas e pontes,
engole lagartos e cobras...
O político vive de safadeza,
a viúva come pranto
e o pobre só na dureza.
O dono do bingo
come o lucro estampado
nas cartelas azaradas de domingo.
O agiota é um banqueiro
que se alimenta do juro
e do sequestro do nosso dinheiro.
Sem alvoroço,
o pai de família
faz da vasilha o seu almoço.
Já o mecânico, bêbado e confuso,
bebe a chave de fenda,
engole a porca e o parafuso.
O bombeiro destemido,
come fumaça e fogo
e toda a sorte de perigo.
E você, meu amigo,
na hora da fome
o que acontece contigo?
(republicação)
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HLUNA
Faço poesias,
na hora da fome,
é a minha alegria.
E o jardineiro
só vê beleza
o dia inteiro
em sua mesa.
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TIAGO DUARTE
Na hora da fome
Para o tempo passar
Leio os desditos do Zé
Até a refeição chegar.