DIETA CIVIL (2)

O padre da matriz

bebe vinho, come pão

e empina o nariz...

O jogador de futebol de areia

come a bola

e o próprio pé-de-meia.

O presidente da nação

degusta prestígio, bebe discursos

e arrota o texto da Constituição.

Para o ator não há problema:

devora o script e come a mocinha.

É mesmo um artista de cinema.

O gerenciador de obras,

para construir casas e pontes,

engole lagartos e cobras...

O político vive de safadeza,

a viúva come pranto

e o pobre só na dureza.

O dono do bingo

come o lucro estampado

nas cartelas azaradas de domingo.

O agiota é um banqueiro

que se alimenta do juro

e do sequestro do nosso dinheiro.

Sem alvoroço,

o pai de família

faz da vasilha o seu almoço.

Já o mecânico, bêbado e confuso,

bebe a chave de fenda,

engole a porca e o parafuso.

O bombeiro destemido,

come fumaça e fogo

e toda a sorte de perigo.

E você, meu amigo,

na hora da fome

o que acontece contigo?

(republicação)

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HLUNA

Faço poesias,

na hora da fome,

é a minha alegria.

E o jardineiro

só vê beleza

o dia inteiro

em sua mesa.

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TIAGO DUARTE

Na hora da fome

Para o tempo passar

Leio os desditos do Zé

Até a refeição chegar.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 09/02/2012
Reeditado em 11/03/2012
Código do texto: T3489253
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