O JEGUE TARADO

Os dois rapazinhos de 12 e 13 anos da capital foram passar férias em uma pequena cidade do interior, na casa de parentes. Achavam tudo interessante, tudo era novidade. Quando viram uma carroça puxada por bois, tiraram fotos e pediram ao dono para subir nela. Quando viram um jumento arreado, ficaram encantados. Rodearam o animal, tiraram fotos, fizeram festas nele. O dono ao ver o interesse dos meninos perguntou se queriam montar nele e dar um passeio. Eles se admiraram, não acreditando que um animalzinho daqueles pudesse carregar uma pessoa. O dono riu e falou que podiam montar os dois que ele agüentava.

Os meninos ficaram receosos, mas o dono garantiu que o jegue era manso como um cãozinho. Meio relutantes eles aceitaram. O mais velho ficou na sela e o outro na garupa. O dono deu as instruções preliminares para que eles guiassem sem problemas o animal. Como era um animal manso, não tinha rédea nem freio, apenas uma corda em forma de focinheira.

O jegue saiu andando mansamente com os dois meninos no lombo. Descia pachorrentamente uma rua poeirenta. Os meninos perdendo o medo começaram a gostar do passeio, iam rindo rua abaixo. De repente passaram pela praça da capelinha, onde uma jumenta em pêlo, solta, pastava placidamente em um dos canteiros. A jumenta estava no cio. O Jegue percebeu, empinou as orelhas e partiu zurrando para o lado dela. A Jumenta se assustou e descambou rua abaixo em um galope furioso. O Jumento disparou atrás. Os meninos entraram em pânico. Não tinha freio. Eles puxavam a corda e o bicho não obedecia. O mais velho falou:

-Não acho o freio, não sei como parar esse bicho!

O mais novo na garupa, procurou e procurou algum dispositivo que parasse o animal. De repente ele olhou para baixo, entre as pernas traseiras do animal e falou:

-Tamos fudidos, além de não ter freio, o cano de descarga está solto, ta até balangando...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 06/02/2012
Reeditado em 28/04/2012
Código do texto: T3482959