o penico
O penico
Acordei triste e pensativo com uma dor de dente e uma dor no pé do umbigo. A barriga estava até roliça. Triste, fiquei sem saber que dor era aquela. "Mamãe!", gritei.
Mamãe falou: "Isto são gases presos. Toma este comprimido e, se não sarar, prepare o nariz e o penico."
Horas passei sentado no penico. Parecia até um rodízio: tirava um cheio e colocava outro vazio. Lágrimas corriam, suor escorria. Mamãe abriu a porta, a janela e até ligou o ventilador. Na rua, quem passava gritava: "Mas que fedor!" A dor de dente até que passou.
Alegre fiquei: barriga vazia, só restou o fedor. O monte de penicos ao lado do tanque ficou. Mamãe falou: "Joga desinfetante, dá uma lavada e novo ficou."
Varri a área, tirei as moscas que morreram ou desmaiaram. Um homem prevenido vale por dois: um nariz resistente ao fedor e um penico na hora da dor.
E assim, depois dessa saga, entendi que às vezes, as dores e desconfortos vêm acompanhados de situações inusitadas. Aprendi a valorizar os pequenos momentos de alívio e a rir das adversidades.
No dia seguinte, acordei sem dor, mas com uma nova percepção sobre o que significa estar preparado para enfrentar qualquer coisa. Afinal, ter um nariz resistente e um penico por perto nunca é demais. A vida é cheia de surpresas, e estar pronto para elas, com bom humor, é uma das melhores maneiras de seguir em frente.
Paulo Pereira