DEFUNTO ERRADO OU VELÓRIO ERRADO
DEFUNTO ERRADO OU VELÓRIO ERRADO?
Um amigo, comum: meu e do finado, ligou-me á tarde que nosso amigo “o morto” havia morrido; se eu não queria encontrar com ele "o vivo" lá na sala de velório em tal cemitério.
Fui.
Realmente estava acontecendo um velório, com caixão lacrado, pois o defunto havia se partido em vários pedaços. Acidente de trânsito.
Cheguei de mansinho, ninguém por perto; imaginei que os familiares do verdadeiro defunto deviam ser poucos. E meu amigo "vivo" estava lá do lado do caixão. Triste e sem ação, quis perguntar algo a meu amigo "o vivo", ele fez sinal de silêncio. Obedeci.
Depois de alguns minutos ali olhando o caixão, sem ver nada, além deste, saí do lado para aliviar a tensão. Encontrei um parente do morto. Em voz baixíssima tivemos uma conversa rápida. Outra coincidência: meu amigo “o morto” era xará do verdadeiro defunto. Como eu não conhecia os parentes do meu amigo “o morto”, não atinei para nada de errado.
Já tarde da noite, meu amigo “o vivo”, aparentando estar satisfeito com tudo, pergunta-me se ía ficar mais, porque ele ía para casa, amanhã voltava para o enterro. Digo-lhe que vou ficar mais um pouco.
Depois da meia noite, uns parcos gatos pingados velando meu amigo “o morto”. Vou saindo de fininho quando um parente me interpela:
- O senhor era amigo do Janjão?
- Que janjão?
- É o apelido do morto...
Foi aí que caí na real, meu amigo “o vivo” tinha me feito de trouxa. O morto era outro, não o meu amigo “o morto”.
(maio/2007)