LIQUIDIFICADOR DA HELP
LIQUIDIFICADOR DA HELP
Aquele meu amigo... o do LIQUIDIFICADOR... nasceu pralá de deusmilivre; morou em Ipameri, Pires do Rio, Goianésia, Orizona, Nazário, Jardam... mas hoje é locatário de uma kitinete bem aculá, na periferia de Gorobixaba.
Se bem que onde ele se esconde aqui nesta estória é irrelevante, basta sabermos que ele passa fome por não ter nem um liquidificadorzinho de meia tigela para triturar uns pães velhos com água.
Para piorar a situação, o dito cujo para aparecer para uma sirigaita se fez de ricaço e se fudeu. Vejamos como foi.
- Se você precisar lindeza estou pronto a te servir.
Deixa estar que ele estava de olho era na butique dela... na butique dela... na butique dela.
A outra que de trouxa não tem nada foi logo usufruindo.
- Pois é... estou necessitandinho urgentinho de uns oitocentozinhos de reaizinhos.
O referido acima não se fez de rogado e nem ela esperar. Meteu a mão no bolso, tirou a carteira e sacou oito notas novinhas de cem reais cada; e amarrou-as no rabo do veado.
Não pensou ele que não tem liquidificador lá no seu mafuá... (seu/dele) e faz uma falta!
Tanta falta que meu amigo já está esquizofrênico, ficou pior. Outro dia ia ele passando na porta de um boteco de cachaça e eis que ouve aquele som característico de liquidificação (TRRAARRRAAA... TRRAARRRAAA)... ficou doidão. Sem titubear entrou e foi em direção aquele som divino, porém foi barrado pela proprietária:
- Êpa! Aqui não é a casa da mãe Joana! Como você vai entrando assim na cozinha dos outros.
Ele naquela sua educação à francesa:
- Perdon madame. Não resisto a música que toca um liquidificador quando está funcionando.
A velhota... sim senhor! Se morresse naquele instante já teria vivido seus oitenta anos ou mais. Pois é; ela apaixonou à primeira vista do nosso mancebo; e a recíproca se tornou verdadeira, ou seja, ele gamou por ela.
Ela toda faceira:
- Nossa bonitão! Então você é fã de liquidificador?
- Sou vidrado!
- Você não acha que meu corpo se parece com um? Veja só a cintura...
- Você é uma gata!
Se atracaram ali mesmo; ela encostada na portinhola do balcão para o puxado da cozinha, levantou a saia, ele abaixou a calça...
Quando ela viu a insignificância daquilo disse-lhe:
- Pode ficar com o liquidificador.
E saiu correndo gritando:
- Help! Help! Help! Help! Help!
(novembro/2008)