Monólogo do Medo

Estou diante do meu medo,

E me pergunto se ele não sou eu;

Se ele é meu mesmo ou eu que sou dele

Ou se nada temos a ver um com o outro

E estamos no mesmo recinto por culpa de alguma sinapse em curto.

Que nome devo a ele dar?

Se é que posso renominá-lo.

Mas ele já não possui um nome?

Medo é um nome bom para chamar o medo.

E se eu o chamasse de João,

Ele deixaria de ser medo e seria João?

Se sim, então seria melhor chamá-lo de orgasmo.

Mas a verdade é que não é bonitinho como estou dizendo,

Chamar assim o medo para um monólogo filosófico

E brincar com a sua linguística.

É por isso que estou escrevendo

Em vez de dar uma surra no chato do meu vizinho;

Para encurtar o assunto:

É por isso, e por algumas coisinhas mais, que ainda existe humanidade.

Não é bonitinho, mas é funcional.

Seria bom ter todos esses raciocínios antes de borrar as calças;

Entretanto a cagada sempre chega na frente.

Sei que "cagada" é palavra chula, mas cago assim mesmo;

(Um parêntese entre parênteses, porque quando se fala sobre o medo toda cagada merece);

O medo se foi depois que falei da cagada.

Não vou ficar falando dele pelas costas,

Vai que ele volta.

Junior Lopes
Enviado por Junior Lopes em 17/01/2012
Reeditado em 25/08/2023
Código do texto: T3446201
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