Monólogo do Medo
Estou diante do meu medo,
E me pergunto se ele não sou eu;
Se ele é meu mesmo ou eu que sou dele
Ou se nada temos a ver um com o outro
E estamos no mesmo recinto por culpa de alguma sinapse em curto.
Que nome devo a ele dar?
Se é que posso renominá-lo.
Mas ele já não possui um nome?
Medo é um nome bom para chamar o medo.
E se eu o chamasse de João,
Ele deixaria de ser medo e seria João?
Se sim, então seria melhor chamá-lo de orgasmo.
Mas a verdade é que não é bonitinho como estou dizendo,
Chamar assim o medo para um monólogo filosófico
E brincar com a sua linguística.
É por isso que estou escrevendo
Em vez de dar uma surra no chato do meu vizinho;
Para encurtar o assunto:
É por isso, e por algumas coisinhas mais, que ainda existe humanidade.
Não é bonitinho, mas é funcional.
Seria bom ter todos esses raciocínios antes de borrar as calças;
Entretanto a cagada sempre chega na frente.
Sei que "cagada" é palavra chula, mas cago assim mesmo;
(Um parêntese entre parênteses, porque quando se fala sobre o medo toda cagada merece);
O medo se foi depois que falei da cagada.
Não vou ficar falando dele pelas costas,
Vai que ele volta.