O TERRIVEL CASO DA PLANTINHA INOCENTE EM UMA MANHÃ DE SOL

O TERRIVEL CASO DA PLANTINHA INOCENTE EM UMA MANHÃ DE SOL

(Autor: Antonio Brás Constante)

Algumas tragédias pessoais ficaram conhecidas em todas as partes do planeta. As pessoas em geral gostam de tragédias, assim como gostam de pizza. Sendo assim e assim sendo, resolvi contar a mais estranha e surreal tragédia pessoal da vida deste escritor (com altas doses reais e fictícias, totalmente sem cortes).

Sei que algumas pessoas já souberam do fato que aconteceu entre mim e uma plantinha dita “inocente” de meu jardim, através do maior veículo de mídia que disponho: As minhas duas tias de Tucuruí (outros detalhes sobre as duas no site: www.abrasc.pop.com.br). Mas resolvi registrar aqui a minha própria versão dos fatos (na última narrativa contata por elas, disseram que engravidei a tal plantinha).

Tudo aconteceu numa bela manhã de sol, véspera da decisão do campeonato mundial entre Inter X Barcelona. Convencido por minha sempre doce esposa, este humilde escritor foi cumprir as tarefas de embelezamento de nosso terreno, entre elas a poda de uma planta que cobre um dos muros da residência. Ao cortar a planta com minha possante máquina que utiliza fios de nylon como lâminas, passei a ser coberto por um estranho pó vindo da plantinha (mistura de fragmentos das folhas e seiva da própria planta, poeira acumulada e talvez até caspa). Essa atividade foi relativamente rápida e seguida de um bom banho. Porém, no dia seguinte comecei a ficar todo vermelho, com bolhas e queimaduras de primeiro e segundo grau pelo corpo (com um maior tempo de exposição ao sol ou a tal poeirinha, talvez tivesse conseguido até queimaduras universitárias, com pós-graduação e MBA).

De acordo com explicações médicas, tive uma reação alérgica a tal planta. Mas conforme certos “amigos”, minha alergia foi ao trabalho. Outras hipóteses para o ocorrido foram: 1) Que a planta torcia pelo Inter e quis me pintar de vermelho em homenagem ao time. 2) Que ela me ouviu falando em comer um xis-salada no almoço, achando que a tal “salada” do cardápio seria ela e resolveu contra-atacar. 3) Que a plantinha era de alguma origem mística e que seu pó em contato com meu corpo iniciou um processo de metamorfose, tentando transformar-me em uma enorme folha seca.

Alguns também disseram que eu deveria tentar analisar a planta, verificando se ela possuía alguma toxina ou mesmo se tinha algum antecedente criminal em suas raízes. Até pensei em colocar um divã no pátio junto à folhagem e começar a analisa-la, mas um diálogo entre nós seria difícil, pois a plantinha além de ser muito embaraçada, não respondia a nenhuma de minhas perguntas, permanecendo em total silêncio. Isto acontecia provavelmente porque apesar de seu tamanho, ela ainda era apenas uma mudinha.

Resolvi chamar um interprete que conseguia se comunicar com melancias, laranjeiras, pés de chuchu entre outras espécies do reino vegetal, e que chegou a trabalhar na campanha de um importante candidato nas eleições de 2006. Ele me disse que ela fez o que fez, porque eu a podava muito em todos os sentidos, mas que apesar de tudo anda poderíamos ser amigos desde que não precisasse quebrar nenhum galho para mim. Eu concordei, quero apenas a amizade dela, sem nada de contato físico.

Chegamos à conclusão de que o principal vilão da história foi o sol, mas não quis ir conversar com ele, pois o mesmo é muito esquentado, grandalhão e metido a queimar os outros. Enfim, foi isto que aconteceu. Se quiserem maiores detalhes falem com a plantinha.

(SITES: www.abrasc.pop.com.br e www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc)

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 12/01/2007
Código do texto: T344344