ENTERRANDO O MORTO
Quando meu irmão era enfermeiro, certa vez morreu um indigente no hospital, e como não tinha família, não houve velório. O pobre diabo ficou no necrotério durante um certo tempo.
Meu irmão, como funcionário do hospital, era encarregado do enterro dos indigentes. Saiu pelas ruas "procurando a laço" voluntários para carregarem o caixão pelas ruas até o cemitério que ficava longe. O hospital não dispunha de uma ambulância, ou qualquer veículo para esse fim. Após conseguir à duras penas ajudantes para a triste função, conseguiu levar a cabo a missão. Como atrasou-se para o almoço, sua esposa perguntou:
-Você demorou, a comida já esfriou, que aconteceu?
-Estava ajudando a enterrar o Zé Barata...
-Uai, o Zé Barata morreu?
-Não Pedro Bó, nós enterramos ele vivo!
* * *
Condensado do livro "Prosa ruim, conversa fiada" de minha autoria.