A AMARGA SOBREMESA 

     Em 1969 participei de um concurso para ser admitido na Petrobrás, na cidade de Canoas – RS. Neste concurso havia centenas de candidatos para apenas nove vagas, tive a sorte de ser admitido após várias fases, tais como, conhecimentos gerais, psicotécnico e exame médico. Era o meu primeiro emprego após ter servido ao exército. 
     Nós trabalhávamos no almoxarifado e nossa função era a de suprir todos os setores da REFAP (Refinaria Alberto Pasqualini). Almoçávamos em um belo restaurante que parte deste ficava sobre um pequeno lago, dentro da refinaria. 
     Como jovens bem humorados tudo era motivo para brincadeiras. Um dia quando almoçávamos descobrimos algo. No almoço, alguns funcionários não comiam aquelas ótimas sobremesas, já servidas nas mesas individualmente. Resolvemos que passaríamos a comer as sobremesas deixadas. Éramos cinco colegas na mesma mesa. Mas, a quem caberia comer as sobremesas deixadas? Quem seria o sorteado? Decidimos que seria de quem visse primeiro. 
     Em uma das investidas nas sobremesas deixadas, um colega foi até a outra mesa, sentou-se e começou então a comer a visualizada por ele. Eis que senão quando, alguém que havia levantado dali para buscar um copo de suco, se põe às suas costas olhando o colega comer e lhe diz: “Tenha um bom proveito”.
     Bom, passamos uma semana rindo sobre a amarga sobremesa. Claro que dali em diante passamos a ter mais atenção para comer a sobremesa dos outros.



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Valter Jorge Schaffel
Enviado por Valter Jorge Schaffel em 09/01/2007
Reeditado em 09/01/2007
Código do texto: T341121