Terror ou humor?
Moravam numa cidadezinha do sertão. Certa noite, foram todos dormir além do horário normal.
Todos já sabem que, em cidades do interior, as pessoas se recolhem aos leitos bem cedo, vão dormir "com as galinhas", como dizem.
Naquele feriado, não haviam viajado; a família ficou unida, por mais tempo, para colocar a conversa em dia, fazer planos, trocar idéias.
Resolveram jogar um carteado. Depois que uma dupla venceu duas partidas, a outra desistiu de tentar mais; pelo menos naquela noite. A outra dupla não gostava de jogo, gostava só de observar e comentar os atos dos jogadores. Sr. João e D. Maria ficavam sentados num canto da sala, muitas vezes, no chão. Isto, Às vezes, dava cãimbra, por isto, se movimentavam, mudavam as pernas de posição e as dores, incômodas, logo passavam.
Bem melhor eram as conversas, como aquelas, em noite enluarada, com "clima" de terror. A rua estava com poucos moradores, muitos foram visitar parentes nas cidades vizinhas...parecia cidade abandonada, tal era o silêncio que reinava!
Então, animaram-se a contar "causos". Cada um contou sua história, contendo fantasmas, mistérios, que afirmavam serem reais... até que chegou a hora de todos se deitarem, pois havia ficado tarde e o sono já os vencendo, querendo dominá-los.
As portas dos quartos ficavam abertas...justamente porque a D. Maria já conhecia "seu gado", isto é, seus filhos. Toda vez que as conversas eram de arrepiar, algum deles, no meio da noite corria até sua cama para se aconchegar, procurando proteção, com medo e disfarçando que era apenas falta de sono!
Lá foram todos para suas respectivas camas, após o "boa noite" e os beijos, com desejos de bons sonhos...
D. Maria rezou e fechou seus olhos. Quando começou a adormecer, ouviu uns passos, mas não teve iniciativa de abrir os olhos, tal o cansaço. De repente, sentiu um agarrão no seu dedão do pé!
Foi o bastante para que D. Maria desse um grito, assustada, desesperada, na verdade!
O filho acendeu as luzes, rapidamente e com os olhos arregalados, como os da sua mãe, sem saber se ria ou chorava, disse-lhe:
- Que foi, maiinha? Não sabia que iria lhe assustar tanto assim!
Eu só vim até aqui para lhe fazer uma massagem no pé! Você não falou que estava dormente???!!!
O seu coração ainda em disparada, respirou fundo a D. Maria e respondeu ao filho:
- Quer me matar do coração, menino? Com tanto caso de terror contado hoje, pensei que era uma baita de uma assombração que puxava meu pé bem para longe desse mundão!
E foi uma gargalhada só...