Isso é um assalto...

Um homem está falando ao celular, num caixa 24 horas quando sorrateiramente outro homem, com um gorro na cabeça, chega por trás.

- Fica quietinho e passa tudo.

- Oi, só um pouquinho aqui querido. – fala sem nem se dar ao trabalho de olhar para trás.

- Desliga esse celular. – cutucando com algo que está escondendo dentro da blusa.

- Calma, já to terminando. – tirando o celular do ouvido, mas ainda sem olhar para trás. – Não, não é com você amor, é um apressadinho que está aqui atrás.

- Ei presta atenção aqui.

- O que é que é pra comprar no mercado?- ignora o bandido.

- Ei! Eu to falando com você.

- Só um pouquinho amor. – ele se vira pra trás e da de cara com o cano da arma, que ainda está escondida na blusa. – Espera aí vamos conversar. Não, não é com você amor.

- Desliga o celular e passa pra cá.

- Mas a minha mulher...

- Desliga logo. – grita e sacode o bolso, que contém a arma.

- Toma. – da o celular.

- Agora me da a carteira, sem escândalos pra não chamar a atenção.

- É essa meia calça na cabeça não ta chamando atenção quase, né!?

- Ah é... Passa logo a carteira! Anda, vai...

- Mas só tem meus documentos na carteira, não tem dinheiro.

- Ah não?

- Não, por isso que eu tava sacando.

- Então pode continuar a operação.

- Oi?

- Saca o dinheiro, me da e eu vou embora.

- Pensando bem pode levar a carteira. Já tava precisando renovar meus documentos, ta tudo com foto antiga. E outra bolei uma assinatura nova...

- Saca logo, caramba! – grita interrompendo-o.

- Mas eu não sei a senha.

- Como não sabe a senha? Ta me achando com cara de trouxa?

- Não, longe de mim, diga-se de passagem, você tem cara de ser muito esperto, se não tivesse virado bandido com certeza tinha virado médico...

- Advogado!

- Oi?

- Eu queria ter virado advogado.

- Mas da tempo ainda, quantos anos você tem? 25, 26...

- 35.

- Ah mentira.

- Sério.

- Caramba se eu chegar na sua idade assim eu to feito.

- É só dormir bem, o segredo é ter um bom sono.

- É, se eu não trabalhasse eu ia dormir bastante mesmo.

- Ei, olha o respeito! Não é por que eu sou bandido que eu durmo o dia inteiro.

- Desculpa...

- Ta louco... Chega de papo, tira a grana aí.

- Já falei que eu não consigo.

- Porque não?

- Por que é o cartão da minha mulher, só ela sabe a senha.

- Saca com o seu.

- Ih o meu ta no LIS. O banco chegou antes que você e já roubou tudo que eu tinha.

- É estamos perdendo mercado para os bancos.

Os dois assentem com a cabeça como se estivessem concordando.

- Você não tem nada de dinheiro aí?

- Pior que eu não tenho nada mesmo, pode revistar.

- Não, eu acredito em você... O ruim é que se eu chegar sem nada em casa minha mulher vai ficar uma fera.

- E se eu chegar sem o pão, a minha que vai.

- É, mas você pelo menos tem um bom motivo, foi assaltado. E eu vou falar o que?

- É...

- Sabe onde tem outro banco por aqui?

- Se eu não me engano tem outro a duas quadras daqui.

- Vou lá então, ver se levo a sorte de aparecer alguém. – fala e vai saindo.

- Vai lá.

- Ei toma seu celular de novo, gostei de você. – volta pra entregar o celular.

- Se você gostou mesmo, fica com ele, pelo menos minha mulher vai acreditar em mim, e talvez pare de me ligar de cinco em cinco minutos.

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Dois homens estão parados, dentro de um carro, enfrente a um banco.

- Então vamos fazer o seguinte. Vamos entrar como quem não quer nada, você fica na porta e eu vou para os caixas.

- Mas como vamos entrar como quem não quer nada armados? Vamos travar na porta. Se com moeda trava, imagina com uma arma.

- Eu consegui armas de fibra.

- Sério?

- Aham! Estudei sobre elas, passa por qualquer detector sem correr o mínimo risco.

- Onde aprendeu sobre isso?

- Fiz um curso de tiro e conhecimento sobre armas.

- Legal.

- É, mas vamos ao plano, você vai abordar...

- Deixa eu ver.

- O que?

- As armas!

- Espera, deixa-me terminar de falar o plano... Então você cuida dos seguranças...

- Foi caro? – pergunta interrompendo.

- O que?

- As armas, foram caras?

- Um pouco, mas eu pesquisei bem antes de comprar.

- É, não da pra comprar a primeira arma que vê na frente.

- Não da mesmo.

Silencio.

- Vamos voltar aqui. Então você cuida dos seguranças, eu vou travar o sistema de câmeras.

- Orra...

- O que?

- Não sabia que você sabia fazer isso.

- Eu fiz o curso de instalador de câmeras de segurança.

- Bom o curso?

- Até que é, deu pra aprender bastante coisa...

Mais um silencio.

- Então, eu vou travar o sistema...

- Quanto tempo? – interrompendo novamente.

- Pra travar o sistema, no maximo um minuto.

- Não, quanto tempo de curso?

- Três meses.

- Tudo isso?

- É, mas é o completo, teve algumas coisas sobre filmagem também.

- Queria fazer esse curso aí.

- Depois eu te passo o contato. Agora vamos focar aqui. Eu travei o sistema. Você vai retirar o dinheiro dos caixas enquanto eu imobilizo os seguranças.

- Você, imobilizar, até parece.

- Eu fiz algumas aulas de imobilização e defesa pessoal.

- Ah fez?

- Fiz.

Silencio.

- Pensando bem eu não quero mais fazer isso não? – fala e vai descendo do carro.

- Espera aí, por que não? Ta tudo pronto, é só eu terminar de te dizer o plano e entramos em ação.

- Ah não, você ta fazendo tudo, teve a idéia, bolou o plano, comprou as armas, fez cursos, e eu?

- Não tem problema, o dinheiro vai ser dividido em partes iguais do mesmo jeito.

- Como eu vou saber se vai mesmo, vai que você fez um curso de contabilidade e quer me enganar. – sai do carro. – Era pra ser um roubo amador, mas você estragou tudo. – bate a porta e vai embora.

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Um mendigo está dormindo, chega um homem de terno gritando, fazendo-o acordar.

- Ei, acorda aí.

- Ah me deixa dormir só mais um pouquinho. – virando pro lado.

- Acorda vagabundo. – fala dando chutinhos nele.

- Só mais cinco minutinhos mãe.

- Que mané mãe, acorda. – puxa o jornal que ele estava usando de coberta agora o fazendo acordar de vez.

- Ei o que está acontecendo aqui?

- Isso daqui é um assalto, passa tudo. – grita apontando uma arma para o mendigo.

- Que palhaçada é essa? É alguma pegadinha? Amanhã eu tenho que acordar cedo.

- Não é pegadinha nenhuma não, passa tudo! – gritando. – Espera aí você disse que tem que acordar cedo?

- É, pra pedir dinheiro na padaria. É a hora que mais rende, tem vários executivos lá.

- Ah, entendi.

- Então, faz favor me deixa dormir. – pega o jornal, vira pro lado e se cobre.

- Que dormir, olha aqui, passa o papelão cacete.

- Você ta falando sério mesmo?

- Nunca falei tão sério!

- Ih, então você ta mal hein...

- Ei olha como você fala comigo, eu to armado cara.

- Desculpa.

- Passa o papelão, o jornal, e essas latinhas aí.

- Não, as latinhas não.

- Da logo as latinhas.

- Mas eu ia vender elas amanhã, juntei a semana inteira. Me mata mas não leva as latinhas.

- Não vou te matar, passa tudo logo. – pega as coisas com uma cara de nojo e vai saindo.

- Minhas vidas estão nessas coisas.

- Hum, devia ter pensando bem antes de ficar se mostrando com elas em baixo de qualquer ponte. – fala e sai correndo derrubando algumas latinhas. – E não chama a policia. – grita de longe.

Afonso Padilha
Enviado por Afonso Padilha em 06/12/2011
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