A Dondoca e a sua Consciência Ecológica

Isaurinha não lia. Os livros lhe davam sono. Não freqüentava cinema, ainda mais, depois, que o marido lhe disse que ela roncava durante o filme. Consumia aquilo que estava na moda, independente de gostar ou não. O importante era ser como os ricos e os famosos.

A opinião dos outros ditava seu comportamento, seus gostos, suas roupas e sua vida.

Em uma revista, descobriu que a consciência ecológica estava em alta. Decidiu que daquele dia em diante, iria amar o verde. Só não abria mão de seus casacos de pele.

Num final de semana, viajando de carro com o marido e a filha de sete anos, advertiu severamente a menina que jogara um pacote de balas vazio pela janela.

-Querida! Não se deve sujar a natureza!

- Eu sempre jogo e a senhora não fala nada!

Sem se constranger pela resposta da pequena, sentenciou:

-É, mas, agora não pode mais!

-Mas mãe, o que eu ia fazer com o saco que estava todo lambuzado?

De uma forma carinhosa e didática, explicou:

- Espera, guarda do ladinho e quando a gente passar, joga no rio.

Paulo Antonio Branco
Enviado por Paulo Antonio Branco em 30/11/2011
Reeditado em 30/11/2011
Código do texto: T3365211
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