VOU DE... TÁXI-BIKE!
Frente às recentes e incisivas polêmicas das ciclovias que foram enxertadas no escasso espaço de Sampa, houve uma declaração duma comerciária que espantou as opiniões: "Isso é um absurdo, do jeito que está, como as minhas clientes hiper, mega, master, super milionárias irão estacionar "de bicicleta" e "de saltos!" para comprarem na minha loja?
Bem, a declaração realmente pede mudança de TODOS os conceitos mais ridículos deste e de outros mundos, e inusitados somados, ontem houve uma manifestação que não entendi muito bem, se foi em prol ou se contra as ciclovias...ou se foram as duas opiniões conjuntas que soltaram as vozes para nos mostrar os dois lados da polêmica questão.
Entre os manifestantes, mulheres de saltos e homens de ternos pilotavam suas bikes pelas ciclovias improvisadas e claro que bikes são tudo de bom, inclusive para o ecossistema desde que haja espaço seguro para que todos operem em conjunto, a exemplo do mundo lá de fora.
O que não dá é para se copiar a ideia sem se copiar a cidadania.
Nada contra as bikes, até já comprei a minha! Mas alguém aí...teria cidadania para me vender um pouquinho?
O engraçado e coincidente com o assunto bike foi que hoje me chegou uma história, que aliás, exemplifica muito bem o que é cidadania. Mas não a nossa, obviamente!
E ela, tia dum amigo, que me disse ele ser super chique, elegante, uma dessas mulheres de salto finesse, como todo brasileiro que sonha consumo, foi até Nova York para degustar da moda e da demais cultura de lá.
Bem, ela visitou todas as melhores lojas de grifes mundiais, a pé e aos saltos pelas calçadas cidadãs, assim como manda todos os figurinos finos, até que à noite marcou um fechamento do dia em alto estilo, um "point básico" lá no Teatro da Broadway.
Bem, sempre digo que deveríamos também importar a EDUCAÇÃO de primeiro mundo. Difícil, hein? Não desmereço a nada, só vejo a nossa realidade como ela é.
Por exemplo, aqui na cidade é raro uma noite de espetáculo começar na hora marcada e como se não bastasse o atraso da plateia, temos que aguentar também o atraso dos artistas.
Mas, pelo que entendi, a tia daquele meu amigo era todinha de grife, inclusive na educação, e sabia muito bem que não poderia atrasar um segundo na entrada da Broadway, sob a pena de não adentrar o recinto.
Estava deveras atrasada e em meio a avenida não teve dúvidas: com as mãos aflitas sinalizou uma bike que por ali passava e propôs um trabalho de taxista ao ciclista :" Please, trinta dólares para me deixar na porta do teatro , feito?"
E claro que estava feito, e era para já! Com tanta elegante crise por lá...
E me disse meu amigo que sua tia também elegantemente se posicionou na garupa do ciclista, e pela atapetada ciclovia de primeiro mundo conseguiu, enfim, chegar ilesa ao espetáculo da Broadway, pontualmente inicializado para finalizar seus sonhos.
Bem, sonhos de cidadania a parte, se a moda do "táxi -bike" pegar por aqui, obviamente teremos que rever todos os conceitos de Sampa, e a meu ver o primeiro deles seria REVER todo o quadro gestor da cidade, aquele que nos pilota por todas as vias esburacadas.
Enquanto isso...alguém se hablitaria a taxiar uma bike, assim, entre tantos puxadinhos a céu aberto?