O TRIBUNAL DO JURI

 
Não era muito comum no sertão do início do século passado se ver um grandão no banco dos réus por um homicídio – fosse ele por que motivo fosse. Havia o respeito pela “posição” do cidadão, sua reputação na sociedade e – pelo menos no sertão – matar gente não era algo tão absurdo. Graças a Deus isso há cerca de cem anos passados!
Bem...  Naquela época um grande Coronel (patente comprada), conhecido em toda a região por Coronel Zelão, cometeu um crime de morte tendo como vítima um meeiro de sua propriedade.
Tinha acabado de ser instalada a comarca na cidade e com toda a estrutura física e de pessoal para o funcionamento. Era o progresso que chegava por aquelas bandas do Brasil. A população aguardava ansiosa por um julgamento no Tribunal do Juri. Não teve como Coronel Zelão fugir devido a tamanha pressão popular quer queria asssitir ao primeiro caso de um julgamento por crime de morte naquela região.
Chega o dia. O Juiz, promotoria, dois advogados e o público que foi assistir aquele momento histórico - a condenção de um figurão por um ato tão cruel – estão a postos e inicia-se o interrogatório:

O promotor:
- "Coronel Zelão conte-me como se deu o ocorrido! O Senhor matou um dos seu funcionários com três golpes de faca?"

O Coronel:
- "Dotô. O homi era um grande amigo meu! Foi pro mode de nada. Nóis travemo uma peitica besta, quando ele esbarrou numa mesa que tinha uma faca. Num é que ele escorregou e caiu pro riba da faca?"

O Promotor:
- "Mas Coronel Zelão foram três facadas!"

O Coronel:
- "Isso mermo Dotô... È por que foi três queda!!!!"

Não é que o Coronel se livrou com o placar de sete a zero naquele Tribunal?
 
 



Damísio Mangueira
Enviado por Damísio Mangueira em 02/11/2011
Reeditado em 02/11/2011
Código do texto: T3311991
Classificação de conteúdo: seguro