Mendigando
- Sabia que já somos em mais de 7 bilhões de pessoas no mundo...
- Ah é?
- É... E você aí sozinha!
- Eu to esperando meu namorado...
- Ah!
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Na rua
- Ei... Oh... Você aí de terno...
- O que foi?
- Me da uma ajuda?
- Uma ajuda, uma moeda, cartão de crédito...
- Pra que?
- Ué porque você quer saber?
- Ué eu tenho direito eu vou te dar o dinheiro, quero saber...
- Assuntos pessoais...
- Então fica com os seus assuntos... Mas sem dinheiro. – fala e vira as costas.
- Calma, calma, eu te conto...
- Ta!
- Mas primeiro me da o dinheiro.
- Só depois que você falar.
- Ta... É pra eu ir beber...
- Isso não é assunto pessoa.
- Claro que é, todo mundo acha que pra eu comer, mas não é. É pra cachaça mesmo.
- Você não tem vergonha.
- Tenho, por isso não queria falar.
- Eu não devia te dar esse dinheiro.
- E eu não devia ter contado.
- Só vou dar por que eu sou um homem de palavra. – entregando as moedas.
- E eu só vou beber porque eu também sou um homem de palavra. – pegando e contando as moedas.
- Que deselegante, espera eu sair pra contar as moedas.
- Deselegante é você com toda essa panca dar só essa merreca. Poh, abri o coração com você.
- Ah faça-me o favor.
- Se for pra você dar só essa migalha, não. Muito obrigado.
- Você é um ingrato, por isso que é mendigo.
- Não, sou mendigo porque quando eu tinha dinheiro não tinha dó de dar esmola, tinha vergonha de dar um tanto desse. Agora da licença que você está pisando na minha sala. – vira pra o lado e se cobre com o jornal.
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- 7 Bilhões hein...
- Oi?
- 7 Bilhões de pessoas no mundo...
- Hum...
- 7 Bilhões... E eu vim conversar justo com você...
- Pois é!
- Será que é o destino?
- Não, eu não acredito em destino...
- Ah não acredita?
- Não acredito nessas coisas...
- É então por que você acha que em meio a tantas pessoas eu vim conversar justo com você?
- Porque eu sou azarada... – fala e da as costas pra ele.
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Um senhor está sentado num bar tomando um café, entra um mendigo.
- Ei me da uma ajuda...
- Não vou te dar dinheiro, se quiser senta aí e toma um café comigo.
- Mais é que eu...
- É pegar ou largar...
- Ta bom, não queria estragar o apetite, mas já que insiste. – sentado a mesa junto com o senhor.
- Esse mendigo fedido está te incomodando? – pergunta o garçom.
- Ei...
- Não, não, eu que falei pra ele sentar.
- Se quiser chamo o segurança o tira rapidinho. – olhando o mendigo com nojo.
- Ei eu to aqui.
- Não, pode deixar.
- É pode deixar e traz um café com leite pra mim, mais café que leite. Leite desnatado, integral faz mal.
Os dois olham com cara de assustado.
- O que? Tenho o intestino sensível. A coxinha é de agora?
- Não. – responde o garçom já sem paciência.
- Então me vê um misto quente. E rápido que eu to com uma fome, parece que eu não como a uns dois dias. Pior que faz mesmo. – da risada. – entenderam?
Silencio
- Nossa to quebrado!
- É se você não tivesse não era mendigo.
- Não to falando disso, to falando que to quebrado de cansado.
- Ah... Cansado do que? Você não faz nada, é mendigo.
- Ei só porque eu sou mendigo, quer dizer que eu não faça nada?
- Sim.
- Não você ta confundindo mendigo com vagabundo.
- Ué e não é a mesma coisa?
- Não, o vagabundo não gosta de trabalhar, só quer ficar em casa, vive as custas dos outros...
- E o mendigo?
- O mendigo não tem casa.
- Grande diferença!
- Pra você não.
Silencio
- Porque você virou mendigo?
- Porque me expulsaram de casa.
- Porque te expulsaram?
- Porque meu pai não admitia que eu fosse um vagabundo.
- Seu café e seu misto. - entrega o garçom ainda não acreditando no que está vendo.
- Leite desnatado?
- Sim.
- Obrigado.
O garçom vai saindo.
- Oi?
- Trás maionese e catchup.
- Ta...
Vira as costas e vai saindo
- Garçom.
- O que? – gritando.
- Vocês vão jogar fora aquelas coxinhas?
- Sim.
- Tem como colocar num saquinho pra eu levar para o meu cachorro.
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- Ei gata...
- O que foi? – fazendo pouco caso.
- Ta sabendo da novidade?
- Não.
- Já somos em 7 bilhões no mundo.
- E o que é que tem? – pergunta e da uma golada na cerveja com desdém.
- O que é que tem é que é um numero par, então provavelmente você seja a minha dupla.
- Sinto muito mais minha numeróloga disse que é pra eu tomar cuidado com números pares. – fala, mata o ultimo gole de cerveja e sai.