"A Morena da Avenida"
Recebi o pagamento, tomei algumas. Normalmente só bebo quando o timão ganha, mas ultimamente quando ele perde ou até quando ele não joga...
Joguei a fusqueta na avenida e falei: "Vou caçar!"
Eu e minha mulher estamos brigados, então resolvi: "Vou botar uma guirlanda na cabeça dela."
Aquela morena alta, com aquelas coxas grossas me pegou. Desci do carro e parti para o amasso. Aperta de cá, pega de lá, de repente meu Deus enchi a mão. Fiquei gago, me deu uma tremedeira, aí falei desculpe me confundi pensei que fosse uma conhecida:
- Olha aqui Mané, sou quase uma mulher! Você tem alguma coisa contra bicha?!
Deu vontade de falar: "Oitão, doze, barra de ferro", mas quem quer conservar os dentes tem horas que deve calar a boca. O safado me revistou, tirou todo dinheiro de meu pagamento que havia sobrado, depois gritou:
- Olha aqui mona, o bofe não gosta de viado.
Choveu um viadeiro em cima de mim, tomei sapatada, chute no escroto, tapa na cara foram mais de dez. Até que uma viatura chegou e eles evaporaram:
- O senhor tava comendo viado?
- Negativo companheiro só parei para fazer xixi:
- O senhor bebeu?
- Confesso que tomei uminha...
- Então vamos para o distrito.
Neste qüiproquó todo, graças a Deus, pintou o compadre Quinzinho, que é carcereiro. Evitou as multas do carro, a apreensão da carteira. Só ficou retido o carro para retirar no dia seguinte. A briga em casa foi grande, mulher, filhos, sogra, todos com a língua afiada. Quando pensei ter tudo acabado fui trabalhar. Não é que o compadre Quinzinho, fez minha caveira? Contou para todo mundo que eu saí com travesti, até que o danado buliu comigo. Isto é coisa que se faça?
Agora deu o que todos queriam. Perdi o emprego, devolvi o carro para o antigo dono e estou desempregado. Por causa de uma festinha, uma comemoração, olha o azar que eu tive...
Me apelidaram de Neguei: Mistura de Nego com Guei.
Qualquer hora eu mato um Ah! Se mato.
OripêMachado.