Apelidos
Diva era uma mulher pequena, muito pequena. Seus braços, alçados para cima, mal chegavam a alcançar o pescoço de seu companheiro, Plínio, que para piorar tinha quase dois metros de altura. Dora, a vizinha, divertia-se ao ver os dois juntos; e sempre que podia comentava com sua prima americana, May.
Viviane - ou Vi para os íntimos -, irmã de Diva, era uma moça observadora que vinha visitar Divinha (apelido mais que óbvio para a irmã) de tempos em tempos. Carlos Demétrio, o Cadê, que era apaixonado por Vi, morava no bairro vizinho, numa república de estudantes. O colega com quem dividia a moradia era Paulo Takahashi, namorado de Aparecida, um exímio cozinheiro que fazia um missoshiro especial – motivo pelo qual ganhou o carinhoso apelido de Mísso. Aparecida e Vi eram amigas inseparáveis, assim como Mísso e Plínio, chamado de Plinião por causa de sua altura.
Lisa estudava com os rapazes e tinha uma relação tumultuada com Omar. Tumultuada porque o rapaz tinha imensa dificuldade em recusar o assédio da menina mais, digamos, desinibida do lugar: Maria Maçarico, que as moças, entre indignadas e invejosas, chamavam entre si de Massa. Nem Mário, seu parceiro mais frequente, conseguia abrandar os arroubos da fogosa garota.
Naquela festa estavam todos reunidos. Muita música, muita bebida. Ao longe Omar a Lisa e a Massa, entre ondas de ciúme...
A Divinha, o que disse? Que ia haver briga. Acertou.
No tumulto, diz Aparecida: “Vou sumir daqui.” Cadê, não Vi, é quem a acompanha. O Mísso não diz nada.
Buscando ar Mário abre a porta. Os rapazes foram saindo um a um; fica só o Mísso. Disseram: “O Mísso ficou sem o Plinião...”
No fim da festa, todo mundo diz que gosta, mas não a Dora. E acrescenta: "Nem a May!"