ENGARRAFAMENTOS (sem álcool)

ENGARRAFAMENTOS (sem álcool)

(Autor: Antonio Brás Constante)

Quer conhecer um pedaço do inferno? É fácil (você nem precisa fazer um pacto com o “Tinhoso” para saber como é), basta sair com o seu automóvel e ficar preso em algum engarrafamento.

Entramos nos engarrafamentos como alguém que entra em uma garrafa, pois os dois casos acabam sendo um porre. Diferentes de um drinque, que pode ser destilado, os engarrafamentos são amontoados de carros deste lado, daquele lado, de todos os lados.

Você fica ali parado, preso naquele lugar por um longo tempo, sentindo-se como um vinho que fica em uma adega para ser envelhecido, porém ao contrário do vinho, aquela situação não melhora os seus atributos ou lhe faz uma pessoa mais doce e especial, ao contrário, a única coisa que consegue é deixá-lo extremamente azedo.

Os engarrafamentos assim como as bebidas, nos deixam em uma situação complicada aos olhos de nossos empregadores, que não gostam de funcionários cheirando a álcool, do mesmo modo que não gostam de funcionários chegando atrasados.

Seu veículo acaba se transformando em uma garrafa de luxo (pois novo ou velho, ele ainda custa uma bela grana), onde nesta metáfora você é o liquido ali aprisionado, molhado, suado e exalando o odor de sua própria transpiração. Louco para "vazar" dali. Se pudesse escolher, iria preferir virar um pouco de uísque em um copo para beber, ao invés de ter que ficar literalmente “virando roda” na estrada.

Nessas horas, lembra da frase onde orientam: "se beber não dirija", e fica pensando que o engarrafamento causa o mesmo efeito, pois lhe impede de dirigir, de seguir o seu caminho. Atrapalhando sua vida. Trazendo sentimentos de frustração, impaciência e raiva, que são servidos de forma seca para você. Sem direito sequer a umas pedrinhas de gelo e rodelas de limão.

Somos pequenas gotas humanas dentro dos engarrafamentos. Somadas a uma infinidade de outras gotas que se encontram na mesma situação que a nossa, esperando o trânsito fluir, para enfim seguirem suas vidas, e quem sabe acharem um rumo melhor para seus destinos do que aqueles reservados para as tais bebidas em nosso organismo.

(SITES: www.abrasc.pop.com.br e www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc)

e-mail: abrasc@terra.com.br

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 26/12/2006
Código do texto: T328007