Divina Cannabis
Oh! Benfazeja feminina,
a primeira a fazer a cabeça,
que embora o torpor desfaleça,
és aquela que a solidão elimina...!
Vens, iluminar quem a discrimina,
venha quando e de onde quiser,
pela BR 277, num corpo de mulher,
em erva grossa, mediana ou fina.
Venha iluminada, nas madrugadas,
que aquele que chafurda na lama,
sua viagem psicodélica reclama,
em suas vestes rotas e enlameadas.
Abençoado seu sorriso venenoso,
diante de outra muito mais forte,
a frente vem da vida indicando norte,
mas nos becos ri como diabo jocoso.
Carregue divina, aos quintos o louco,
o violento proteja de toda a sorte,
faça a festa deles diante da morte,
faça legiões, no inferno será pouco!
Resgate, óh! Benemérita, o sofredor,
recheie tuas hostes mais degradantes,
de jovens em seus dias mais delirantes,
para que conheçam como tu causa a dor!
E mais tarde, divina erva nervosa,
queime em ti esta sanha impura,
que se veja em ti quem sabe à cura,
em sua verde vida triste e venenosa...!
Malgaxe