AVESSO

- E aí o que achou?

- O que achou do que?

- Você não notou nada de diferente?

- Carlos eu to tentando assistir TV

- Para de olhar só um pouquinho pra TV e olha pra mim mulher! – Disse o homem batendo o pé.

- Poh mais do que você ta falando Carlos? To tentando ver minha novela! – Esbravejou a mulher tentando ver a TV.

- Do meu novo corte... Você não presta atenção em nada mesmo né!

- Mas não mudou nada...

- Como não?

- Não mudou ué! Do jeito que você saiu de casa, você voltou. Quer dizer, tudo menos 40 reais no bolso.

- Eu mudei sim, e não é 40 é 60 reais.

- O que? 60 reais pra não fazerem nada? Desse pra mim que eu fazia! No caso, não fazia!

- Ah vai ficar jogando na minha cara agora? E como assim não fez nada? Ele fez o pezinho!

- Por 60 reais eu fazia o pezinho, a mãozinha, o braçinho...

- Rá, rá, rá... Engraçadona. Tira sarro mesmo, você vai querer “sentir” o meu pezinho a noite! – Disse e saiu.

- Para Carlos! Eu tava só brincando... Volta aqui... Homem é tudo sensível mesmo. – Disse ela voltando a assistir a novela.

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NO BAR

- Iai Gorda como você está? – Cumprimentou a amiga apertando a bunda.

- Não tão acabada como você mais levando. – Retrucou a amiga devolvendo também o apertão.

- Cadê o maridão?

- Hum ta em casa vendo a novela, aquele lá não perde um capitulo.

- Ih menina o meu também não. Acredita que a gente foi no motel esses dias e ele só começou o “trabalho” depois que acabou a novela.

- Caramba sério!

- To falando.

- É pelo menos, fica uma hora inteira sem falar.

- Pelo menos isso. Me vê duas cervejas. – Pediu para o garçom.

- Três. - Disse uma terceira que acabara de chegar.

- O Safada! Como você ta? Sua sem vergonha!

- Não como você, mas gostaria!

- Pena que eu não posso dizer o mesmo. Ainda mais com essas banhinhas sua, fica difícil hein!

- Quando você casou seu marido pediu com borda de catupiry? Porque você está com uma em volta da cintura!

- Querida isso aqui não é borda de catupiry, é borda de cream-cheese, eu sou chique meu bem!

E caíram na gargalhada as três.

- E aí cadê o encosto?

- Deve estar em casa, eu disse que tinha reunião e que teria que chegar mais tarde!

- E ele acreditou?

- O meu já fica com um pé atrás quando digo isso...

- Ele acreditou daquele jeito né. Ah, mas depois eu levo uma caixinha de cerveja e está tudo certo.

- Cerveja sempre funciona.

- Sempre. – Concordou.

Toca o celular de uma das três.

- Ih olha a policia.

- Agora o bicho vai pegar...

- Xiu, xiu, é o meu marido!

Atendeu a terceira.

- Oi amor! Tudo bem? Tudo, tudo... Então não sei, acabou de começar aqui... O que é essa musica? É o celular da verônica que ta tocando... É a versão ao vivo... Ta não pretendo demorar não... Não, não precisa esperar acordado não... Ta tchau... Beijo... Também te amo Pedro... Também, eu preciso desligar agora... Boa noite! – Disse e desligou o celular. – Ufa, foi por pouco.

- Também te amo? Ah larga a mão mulher...

- O que? Tem que dar uma moral, e outra falo isso agora pra não complicar depois! Desse mais uma rodada! Agora por minha conta.

- Ta com o cartão do maridão é!?

- O que você acha?

- Opa, então vou ligar para o meu e falar que também não precisa esperar acordado que a noite vai ser longa!

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- Boa noite.

- Boa noite amor!

- Porque essas velas aqui na mesa de jantar Jairo?

- Espera aí, eu não acredito que você esqueceu!

- Esqueceu o que?

- Você esqueceu Maria Fernanda...

- Eu não esqueci. Rá pegadinha!

- Esqueceu sim!

- Não esqueci não... Para de ficar falando que eu esqueci, porque se não eu vou esquecer!

- Como você pode?

- Jairo eu já falei que eu não esqueci. Eu comprei até um presente.

- Então cadê?

- Eu deixei na empresa.

- Você não comprou nada!

- Comprei sim!

- O que é então?

- O que é o que?

- O presente!

- É uma camisa do seu time!

- Você nem sabe para o time que eu torço Maria Fernanda.

- Claro que eu sei! E para de me chamar de Maria Fernanda, da a impressão que você está bravo.

- Não sabe não, e eu estou bravo!

- Ta estressado sem necessidade.

- Como sem necessidade? Sem necessidade? Você esqueceu que dia que é hoje e ainda tem a capacidade de dizer que eu estou bravo sem necessidade.

- Mas eu não esqueci cacete!

- Ah vai começar a me tratar mal agora? Você faz a cagada e eu vou levar a culpa.

- Não, desculpa amor, desculpa, não devia ter falado assim.

- Ah eu já devia imaginar Maria Fernanda. Não sei por que crio falsas expectativas com você ainda.

- Desculpa Jairo.

- Desculpo, claro que eu desculpo, aliás eu sempre desculpo e acho que é por isso que você sempre volta a errar, porque sabe que o trouxa aqui vai te desculpar! – Fala e vai saindo de cena, Maria Fernanda vai atrás. – Nem precisa vir pro quarto, pode deixar que eu levo suas coisas, hoje a senhora vai dormir na sala. Boa noite!

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No meio da noite, a mulher começa a passar a mão no marido.

- O que foi? O que foi... – Resmungou ainda meio dormindo.

- Nada... – Disse e continua a passar a mão nele.

- O que você está fazendo Carla?

- Sei lá tava tendo um sonho e fiquei com vontade de...

- Nem comece. – Interrompendo-a. – São quatro horas da manhã, e daqui a pouco eu já tenho que levantar.

- Que isso, vamos nos divertir um pouco.

- Não.

- Ah para Sergio, é rapidinho...

- Já disse que não...

- Eu estou só de calcinha e sutiã. - Cochichou no ouvido dele. - Vamos dar uma rapidinha.

- Pior ainda, você acha que vou perder meu sono por causa de uma rapidinha? Nem pensar. – Vira para o lado e da o assunto como encerrado. – Ah e Coloca o pijama porque eu não quero ninguém tossindo amanhã cedo! Boa noite Carla.

Afonso Padilha
Enviado por Afonso Padilha em 27/09/2011
Reeditado em 27/09/2011
Código do texto: T3244789