LAGARTIA: CAPÍTULO 2
Seis horas depois, a porta se abriu, e um homem lagarto, com seus dois metros e tanto de pura sensualidade (ao menos se você é uma lagarta ou estuda biologia) entrou.
“Vagabundosss!! Vamosss pro trabalho!!! QUERO CINCO DE VOCÊSSSS!!!” – Disse ele, chicoteando-os com a própria calda, que era muito maior do que a de qualquer outro lagarto que eles já haviam visto até então.
Cinco humanos acordaram afoitos, saindo da caixa metálica enfileirados, enquanto os outros haviam sido espertos o suficiente para dormirem longe da entrada.
“Andem malditosss!!” – Gritava o lagarto, chicoteando o traseiro de Willys, o ultimo da fila.
O grupo seguiu, saiu do instalação militar pelo grande portão e andou cerca de duas horas rumo a uma grande formação rochosa arredondada, cercada por vários guardas lagartos.
”Isso não pode ser natural, não faz parte desse ambiente, parece ter sido colocado aqui por alg..” – Dizia o gordo, antes de ser interrompido por uma rabada no pâncreas.
“VAMOSSS, TRABALHEM!!”
”O que devemos fazer, afinal?” – Perguntou Aloc.
O lagarto forçou a cauda rapidamente para agredi-lo, mas então recuou. Coloco a mão cheia de unhas afiadas no queixo e ficou pensativo por um instante.
”Alguém ai fassss idéia do que elesss tem que fasssser?” – Perguntou.
“Eu não.” – Respondeu um dos guardas.
”Não sei, masss tenho uma sssserta idéia do que fasssser com esssse dali..” – Disse um mais magro, em relação ao musculoso do grupo.
“QISO“ – Disse outro, de maneira aleatória e profética.
Os outros ignoraram, porque era algo comum no local.
Ao redor daquela formação rochosa coisas estranhas aconteciam, e por isso só os mais estúpidos e dispensáveis entre os lagartos eram mandados para lá. Porem, até mesmo esses tinham seu orgulho, e passavam o trabalho sujo para os escravos humanos.
“Deveríamos.. Hmm.. Usar essas picaretas que estão no chão?” – perguntou Aloc, percebendo o material.
”Não, elasss sssão amaldiço...Aliásss, boa idéia. Peguem e usem.” – Disse o chicoteador, com um sorriso lagártico no rosto.
Durante as horas seguintes, os humanos bateram com as ferramentas na rocha, mas nada de interessante parecia sair dali.
Willys estava estranhamente sério.
“O que foi?” – Perguntou Aloc, já se arrependendo da pergunta antes mesmo de fazê-la.
“Dabliodlabiodlabio” – Disse Willys, logo em seguida voltando a trabalhar.
Inesperadamente, um dos lagartos deu sua arma laser BF-8ktkx para Aloc.
Foi uma situação constrangedora. O humano com a arma em mãos, parado, perplexo, olhando para o lagarto, que parecia estranhamente calmo.
“EU NÃO FISSS ISSSSO!!!!!!” – Gritou o lagarto, de repente, quando se deu por si.
”!!?!??!” – Pensou Aloc, enquanto todas os guardas do local miravam nele. Ele realmente não entendia como aquilo havia acontecido.
“SOCORRO DROW!!!!!!!!!” – Gritou Willys, escalando a rocha.
“É A HORA DA REVOLUÇÃO!!” – Gritou o escravo de mullets, se jogando em cima de um dos guardas.
”Pzzzzzt” fez a arma dele, acertando de raspão e iniciando um pequeno incêndio em seu cabelo enquanto ambos lutavam.
“É isso, gordo!! Use sua capacidade gordural para atrair a mir.. atenção dos guardas, eu vou roubar a arma de um deles e a gente vai estar em casa em menos de doze anos!” – Disse o musculoso, também se jogando em cima de um dos guardas.
Aloc permanecia parado, com a arma na mão, quase perguntando para eles se deveria atirar em si mesmo ou algo do tipo.
O lagarto da calda grande tentou lhe chicotear, mas pedrinhas lançadas por Willys começaram a vir em sua direção.
”VOCÊ MILESMO VIISTANTE!!!!!!!” – Gritava ele, mais louco do que o de costume.
”Escute, eu vou lhe devolver a arma e fica tudo certo, né??” – Perguntava Aloc para o guarda na sua frente, que temia a mira.
“OLHEM AQUI!!” – Gritou o gordo, levantando sua camisa suja e rasgada e balançando as tetas suadas.
Se qualquer um perguntasse, Aloc diria que foi tal visão que forçou seu dedo no gatilho.
“Pzzzt”, e o raio acertou o guarda em cheio. Sua ultima visão fora aquela concentração de banha humana balançando. Um fim indigno para um lagarto, mas mais comum do que você imagina.
“Ah, não..” – Disse Aloc, ao perceber que havia matado um dos guardas e que outro já atirava na sua direção.
Desviou do tiro de uma maneira incrivelmente retardada, tropeçando na própria picareta que havia deixado cair no chão, fazendo o tiro inimigo acertar a formação rochosa e causando um buraco nela.
Então, ao mesmo tempo em que o buraco foi formado, um senso de “O que é um peido pra quem está cagado?” tomou conta da alma de Aloc, que mirou sua arma fazendo cara de mau, mas falhando miseravelmente. Ainda bem que ninguém estava vendo.
“Pzzzt.” E outro guarda havia virado lagartixa morta.
“Vamos sair daqui, Willys!” – dizia ele, mas o louco insistia em escalar a rocha.
“Foda-se, então!” – Comentou, enquanto corria para longe.
O gordo, ainda envergonhado, se aproximava do buraco feito pelo tiro na rocha arredondada, que parecia emitir uma leve luz azulada.
“Não pode ser, isso é..”
“HAHAHAHA SIM!! A INTERNET!!!!!!!!!!!!” – Gritava Willys, de braços abertos no topo daquilo que parecia muito com um meteoro, mas não era.