Histórias de Alagoas
A cidade de Penedo foi a minha porta de entrada em Alagoas, aonde cheguei no início da década de 70 e onde morei durante 8 anos. Conhecida como “Capital do Baixo São Francisco” e também “Ouro Preto do Nordeste”, em razão de seu casario e igrejas estilo barroco, considerada ainda “berço da civilização alagoana”, pela sua antiguidade, tinha ali uma potente emissora de rádio pertencente à Diocese. Com a morte do papa Paulo VI e, pouco mais de um mês, a do papa João Paulo I, a emissora mudou a sua programação, passando a tocar somente música fúnebre. Um prefeito de uma das cidades próximas, em visita a Penedo, estranhou o motivo por que a cada loja em que entrava sempre ouvia a mesma música, com aquele som de tristeza, naquele antigo rádio “ABC a Voz de Ouro”. Pergunta, então, a um dos atendentes da loja, o motivo da repetição da mesma música.
_ É porque o Papa morreu.
_ O Papa de Penedo?
_ Não, meu senhor. Penedo não tem Papa, só tem Bispo. Papa só existe um. É a maior autoridade eclesiástica do mundo. Ele vive em Roma, na Itália.
_ Então deve ter deixado uma viúva muita rica, respondeu o prefeito.
E o rapaz da loja achou melhor não dar mais explicações por entender que iria complicar ainda mais... “Papa de Penedo, viúva de Papa e o pior poderia vir”.