UM BILHETE PODE MUDAR UMA VIDA
Um bilhete pode mudar uma vida...
Bertrand era um homem ocupado e vivia atarefado em seu dia-a-dia.
Odiado por muitos, sempre tinha a impressão que até mesmo seu filho não gostava dele.
Era sempre criticado por sua esposa por sua forma rude de lidar com as pessoas, principalmente seus funcionários e as pessoas que batiam em seu próspero comércio mendigando comida. Como paciência tem limite um dia ela se cansou e decidiu ir embora para a cidade vizinha, aonde tinha nascido, assim Bertrand poderia sempre que quisesse ir ver o seu único filho.
Queria recomeçar sua vida, longe das ignorâncias do sujeito.
Muitos achavam que á partir daquele dia Bertrand iria se enxergar em total solidão e repensar a sua forma de agir.
Mas Bertrand piorou, a cada dia tornava-se mais arrogante e sarcástico, e parecia não estar nem aí pra solidão.
Chegando a data de aniversário do filho, Bertrand após oito meses sem ver o menino, decidiu lhe fazer uma visita, não levou mais de meia hora em sua companhia, estava preocupado em deixar o comércio nas mãos dos funcionários e precisava voltar.
Presenteou-lhe com um coelho, para ser seu animal de estimação, ainda soltou uma piadinha: ”È bom que se ele não te respeitar você poderá comê-lo”
A esposa de Bertrand, que sempre fora louca pelo marido, olhava-o até com certa pena. Como um homem poderia ser tão frio e colocar a cabeça no travesseiro á noite e conseguir dormir?
Mas Bertrand se despediu e partiu sem muita conversa, sem dar nem um abraço no filho, sem expressar remorso ou arrependimento.
Mas o filho de Bertrand sentiu a frieza do pai, começou a ficar triste, se esgueirar pelos cantos, e com medo de sua tristeza se transformar em depressão, sua mãe logo arrumou uma viagem para alegrar seu coração.
Decidiu levá-lo há uma cidade no interior de Minas Gerais, onde seus avós moravam, e ele sempre gostava de passar as férias.
Bertrand recebeu a notícia da viagem através de um bilhete remetido pelo correio, mas não esboçou nenhuma reação ao saber da tristeza do filho, pensou consigo mesmo: ”Manha de criança!”
O comércio de Bertrand ia de vento em popa e a cada dia Bertrand passava a trabalhar até mais tarde, em uma ambição desenfreada em ganhar dinheiro.
Em uma dessas noites, Bertrand recebeu um bilhete da esposa e abriu apressadamente, não por saudades ou curiosidade, apenas para não perder tempo no dia seguinte em ter que ler correspondências.
Abriu apressadamente, rasgando parte do envelope para poder não se atrasar em suas contas. Afinal no dia seguinte precisava trabalhar cedo.
O bilhete tinha poucas palavras.
“ Bertrand:
Seu filho da....
Não te escrevi antes, por que
O seu filho
Morreu
Alice.
Aquilo foi como um golpe no frio coração de Bertrand.
Caiu ao chão aos prantos, com a dor do arrependimento de sua frieza com sua família, cheio de remorso de não ter tentado resgatá-los.
O pedaço da carta que ele havia cortado devia ter o palavrão que ele bem merecia ler naquele momento.
No dia seguinte todos sabiam da triste notícia.
Bertrand havia dado uma semana de folga aos seus funcionários, precisava remoer o seu luto.
Chorava o tempo todo feito criança, andava nas ruas sem destino e sem saber o que fazer ou por onde recomeçar sua vida.
Decidiu escrever um bilhete para sua esposa.
A mulher ao receber o bilhete, se surpreendeu com Bertrand.
O bilhete dizia:
Mil desculpas.
Saudades!Amo você.
Vamos recomeçar...
Aquilo para ela era o que faltava pra voltar pra casa, ele estava arrependido e parecia mudado.
Arrumou suas coisas e voltou para sua cidade.
Bertrand havia mudado. Com a dor estava mais gentil e mais humano com todos.
Tamanho susto levou,quando ao lado da esposa viu seu filho,”vivinho da Silva”.
Os olhos arregalaram e a pergunta foi:
_Mas ele não morreu?
_ Morreu? Tá doido Bertrand?
_Está aqui no bilhete que me mandou!-Disse Bertrand com o bilhete na mão, que estava no seu bolso desde o dia da suposta tragédia.
A esposa pegou o bilhete e leu:
“Seu filho da...
Não te escrevi antes porque
O seu filho
Morreu
Ela pediu-lhe o restante da carta.
_ Que resto?-Perguntou Bertrand.
_ O pedaço rasgado que falta aqui.
_ Com o palavrão?
_ Que palavrão Bertrand?
Bertrand procurou nas gavetas o envelope.
Na pressa daquela noite e com o cansaço, havia rasgado uma parte do bilhete e nem se deu conta.
O pedaço dizia:
...ponte pulou
... ele está bem.
...é forte, mas o coelhinho
...providencie outro!”
Foi então que Bertrand entendeu o bilhete:
“Seu filho da ponte pulou,
Não te escrevi antes porque está bem,
O seu filho é forte, mas o coelhinho
“Morreu, providencie outro.”
Bertrand não sabia se ria ou se chorava com todo o mal entendido.
A verdade é que o susto serviu para reaproximá-los, e para que Bertrand mudasse sua forma de agir com o filho, a esposa, e com todos em geral.
Como sempre dizem por aí: “Na dor sempre há algum