UMA "PIRIGUETE" SEM NÓ NA LÍNGUA!

A quem gosta de escrever e aos que são explicitamente apaixonados pelas letras, em especial, aos apaixonados pela sua língua pátria como eu, nesse meu caso o Português, parece-nos mais que uma obrigação zelar pela clássica linguística ortográfica e gramatical até a morte, que sempre esperamos que seja só a nossa morte , jamais a da nossa bela língua.

Porém, como o tudo que é norma salutar hoje em dia está em franco desuso, corremos o risco da acusação de preconceito até quando zelamos pela vida e pela beleza genuínas da nossa língua...no sentido amplamente linguístico da palavra.

Se a língua é presa, então...bem daí é melhor nem comentar. Melhor deixar para o Ministério da Saúde ou para o Ministério da Educação resolverem o "probrema". Difícil ,não? É probrema a se perder de vista...a tal presa das línguas daqui.

E se nenhum deles resolver, o que será bem provável, então...os políticos resolverão nos discursos de língua presa, só soltando a língua bem viva e solta!

Não é incrível?

Todavia, como o tudo que é vivo nesta vida muda, esqueçam a tal regra para a vida da nossa semântica porque, como qualquer outro ser vivo, também a língua está em constante movimento de transformação, e não é movimento só nas fofocas não! É no dicionário formal , inclusive!

O que não muda nunca são os "linguarudos" da língua para distorcerem as histórias...contadas pelas outras novas línguas inseridas na nossa língua mãe.

Fato é que hoje uma amiga, pós doutorada em língua portuguesa, me perguntou se eu havia visto as mais novas palavras da nossa língua (?-eu me recuso a aceitar esse "novo" como nossa) numa entrevista protagonizada pelo professor Pasquale.

Então, lá se discutia a entrada do mais novo verbo nascido pela "web", TWITTAR, e o mais novo substantivo derivado das transformações sociais de vanguarda: PIRIGUETI. Vixi, seria com I ou com E?

Fui buscar ambos os vocábulos no meu culto dicionário de última geração que logo me apitou um alto ruído enfurecido a me dizer: "estes verbetes não existem!".

E quem disse que não? Meu dicionário, embora culto, não sabe "da reza o terço" da sua nova linguagem!

Então, o professor Pasquale , só para ilustrar a aula das novas palavras, decepcionado perguntou a uma garota:" o que você é?", e ela na mais alta certeza linguística, toda orgulhosa, lhe respondeu:"eu sou uma piriguete!".

"E o que é uma piriguete?" perguntou o nobre professor já um tanto assustado e desplugado desse novo mundo... linguisticamente tão perigoso!

Contou-me a minha amiga professora que a garota de imediato mostrou ao professor o seu vasto traseiro e a sua farta comissão de frente, ambos bem siliconados: " Ora, tudo isso aqui é que é uma piriguete! Uma piriguete é de todos e não é de ninguém, toda mulher deveria ser assim!).

Sinais dos tempos modernos...seria isso?

Bem, comentários a parte, disse-me a minha amiga doutora em português que as semânticas mudaram, com ou sem a anuência dos estudiosos...

Soube que o professor Pasquale, travado, quase de nó na língua, teria assim lhe respondido: "no meu tempo a semântica disso era bem outra"...

Portanto aprendam, descontraidamente, assim, sem medo de dar nó na língua:

Eu twitto, tu twittas, ele twitta, nós twittamos...vóis twittais e, claro, as piriguetes também twittam...

É aí que mora o perigo...

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Nota: O referido texto foi descrito baseado num relato verídico.

E tais vocábulos realmente existem oficialmente.

A semântica do " Piriguete" foi bravamente defendida pela própria piriguete do meu texto.

E a semântica doTUWITTAR segue abaixo, eu a consultei na web.

Afinal, para quê precisamos de dicionários formais tão cultos e herméticos, se as palavras têm vida...digamos, tão volúvel?

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“Twittar”, deriva do microblog mais popular do mundo, que é um nome próprio estrangeiro.

Por ser nome próprio estrangeiro, se enquadra na regra da nova ortografia que manda escrever com “k”, “w” e “y” a palavra derivada de um nome próprio estrangeiro escrito com essas letras.

É por isso que se escreve, por exemplo, “darwinismo” (de Darwin), “kardecista” (de Kardec) e wagneriano (de Wagner).

E pelo mesmo motivo deve ser “twittar”, com o “w” e os dois “t” do nome de origem.

Olho vivo! Não existe acento no “i” do verbo “twittar”, mesmo em formas conjugadas, pois a regra não prevê acento no “i” que forma hiato com a vogal “w” (o “w” quando tem som de u é classificado como vogal).