BUZINADORES COMPULSIVOS

BUZINADORES COMPULSIVOS

(Autor: Antonio Brás Constante)

Eles estão em toda parte, fazendo os nossos ouvidos serem indefesas vítimas de suas irritantes buzinadas. De quem estou falando? Dos buzinadores compulsivos! Que saem pelas ruas, estradas e avenidas apertando suas “cornetas automobilísticas” para qualquer um que cruze o seu caminho.

Características dos buzinadores compulsivos: Cor preferida = Verde (semáforo). Comida = qualquer uma servida em “drive-thrus” (chegam sempre buzinando para serem atendidos). Lugar preferido = passeatas e carreatas de qualquer espécie feitas por comitivas de carros. Um lugar em que não gostariam de estar = na frente de hospitais e pronto-socorros (por ser proibido buzinar ali). Um personagem famoso = Chacrinha (alguém ainda lembra da buzina do Chacrinha?). Um filme = se meu fusca falasse (o início do filme “um dia de fúria”, também se aplicaria bem aos gostos desses buzinadores de plantão). Um livro = O ataque das buzinas assassinas (possivelmente ainda não publicado). Uma música = Os sons ruidosos desses instrumentos de tortura auditiva.

Algo que destaque esses terríveis indivíduos: nunca são os primeiros nas sinaleiras, preferindo ficar sempre atrás dos outros veículos. Pois, assim eles terão a desculpa necessária para soar a toda altura suas estrondosas buzinas, tão logo a abra o sinal.

Mais do que uma compulsão, essas pessoas parecem pertencer a algum tipo de seita caótica, na qual veneram o Deus do barulho. Prestando-lhe homenagens através dos ruídos causados por suas famigeradas buzinas.

Eles vivem no meio de nós. Muitos não aparentam ter esse vício. São senhoras de cabelos grisalhos e de sorriso gentil. Gordinhos simpáticos. Homens bem vestidos, aparentando boa educação. Mas não se deixe enganar, ao menor sinal (de abrir o sinal), eles usam suas mãos trêmulas e suadas para se deliciar, buzinando prazerosamente atrás de você.

Falando em prazer, alguns dizem que uma das causas para este tipo de comportamento é justamente a falta de sexo. Aliás, isto me faz lembrar de uma frase de caminhão onde estava escrito: “Se seio fosse buzina, ninguém mais dormiria à noite” (de dia também não). Porém, a alegria dessas pessoas não se resume apenas ao apertar de uma buzina, e sim ao êxtase causado pela emissão de seu sonoro ruído.

Imagino que, caso seus braços se paralisassem na hora em que fossem buzinar, provavelmente se atirariam de cabeça no volante, acionando com o nariz este estridente aparado de seus veículos.

Alguns chegam a personalizar seus carros, para produzir vários tipos diferentes de sons, que vão desde uma relinchada de cavalo, até um assobio entusiasmado. Outros, mais clássicos, conseguem interagir por códigos. Duas buzinadas curtas, quer dizer “Olá”. Três buzinadas longas, quer dizer “cheguei” ou “Venha, estou te esperando”. Cinco buzinadinhas ritmadas são dedicadas as vitórias de seus times, ou há outro evento que mereça uma festa. Agora se for uma buzinada contínua, pode ter certeza, ele está xingando você de coisas impronunciáveis.

Assim termino mais este texto. Se acaso souberem que houve um buzinaço no bairro Mathias Velho onde moro (cidade de Canoas RS), podem ter certeza que foram os fanáticos seguidores das buzinas que vieram me punir, atacando de forma cruel os meus ouvidos pela ousadia de desmascarar suas sádicas compulsões.

(SITES: www.abrasc.pop.com.br e www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc)

e-mail: abrasc@terra.com.br

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 18/12/2006
Código do texto: T321354