Dona Mariana no velório do Antenor
(o descrito é real; os nomes reais foram preservados)
Dona Mariana, mãe de minha amiga Fernanda, é pessoa única ('tá certo, todos nós o somos, mas ela é única 'demais'!).
Ela e o marido deveriam comparecer ao velório de Antenor, num desses cemitérios chiques de metrópole; por razões que escapam ao caso não puderam ir juntos e Seu Ferdinando foi antes dela.
D. Mariana chegou e, ao adentrar em uma das salas de velório, estranhou um pouco não ver pessoas amigas, mas como o falecido era antes conhecido que íntimo...
Aproximou-se do caixão e pensou com seus botões: "Como o Antenor está mudado! Bem que dizem que, quando se morre, se estica. O pescoço dele 'tá tão comprido!" E continuou observando o defundo, meio constrangida de não ter com quem falar, mas contritamente oferecendo condolências a quem se achegava ao caixão.
Aí o celular dela tocou; era o marido, aperreado com a demora da mulher, já que o enterro do Antenor era o próximo. E ela: "Estou aqui faz um tempão"; e ele: "Onde, criatura?!"; ela descreveu a sala, o marido foi buscá-la.
"Que coisa, Mariana! Você não percebeu que estava no lugar errado?" A resposta veio meio tranquila, meio triunfante: "Bem que eu pensei que tinha alguma coisa errada com o Antenor!"
Finalmente no velório correto, D. Mariana tratou de cumprimentar Alzira, a recém viúva: "Oi, querida! Como vai o Antenor?"