Uma informação

- Amor não quer pedir informação?

- Não preciso eu sei onde eu to. Só peguei um caminho mais longo pra passarmos mais tempo juntos amorzinho...

- Se queria isso não precisava se perder.

- Patrícia eu não to perdido.

- Como não? Nem o GPS sabe onde estamos.

- Eu falei pra você que esse GPS tava com problema.

- Ele não tava até você dar um murro nele.

- Dei um murro pra ele se espertar!

- É mais você matou ele.

- Patrícia é só um GPS.

- Era... só um GPS!

Silencio dentro do carro.

- Vai ficar emburrada porque eu quebrei o GPS?

Silencio.

- Desculpa amor, mais já tava cansado de ouvir ela me dando ordens, dizendo o que fazer ou deixar de fazer. Vire aqui, entre ali, coloque o cinto. Já tava me segurando a algum tempo!

- Para o carro que eu quero descer!

- Oi?

- Para o carro agora...

- O que você ta falando amor?

- Para o carro se não eu vou começar a fazer um escândalo.

- Porque isso agora? – Parando o carro.

- Porque se com a coitada que só queria te ajudar você deu soco dizendo que ela queria mandar em você imagina o que não vai fazer comigo. – Disse e foi embora.

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- Opa amigão!

- Oi!

- Então é que eu to meio perdido.

- Sei.

- Como assim você sabe?

- Ué porque você acabou de falar.

- Ah!

SILENCIO

- Como eu tava falando. – retomando o assunto. – Eu to perdido. Sabe me informar onde fica a Rua Indonésia.

- Poh a Rua Indonésia.

- É!

- Acho que não tem nenhuma Rua Indonésia por aqui.

- Como não, me disseram que era por aqui...

- Não sei, se fosse por aqui eu com certeza conheceria. Quem falou que era por aqui?

- O ultimo cara que eu pedi informação lá atrás!

- Como era esse cara?

- Como assim, como ele era? Isso importa?

- Você quer saber onde fica a Rua Indonésia ou não?

- Sim!

- Então como ele era?

- Era um senhor, mais ou menos da tua idade, e parecia boa gente!

- Então ele era novo, e parecia boa gente.

- Não disse que ele era novo, disse que tinha mais ou menos a sua idade.

- Que seja. Ele te explicou como chegava a tal rua que você ta procurando?

- Rua Indonésia. E sim explicou. Disse que era só ir reto toda vida!

- E você acreditou?

- Ué porque não acreditaria, acabei de falar que ele parecia boa pessoa.

- É isso que ele quer que outros pensem.

- Do que você está falan... Quer saber, deixe. Muito obrigado pela ajuda. – Já dando a partida pra sair.

- Peraí pra onde você vai se não sabe onde é a Rua Indonésia? Não quer saber onde é?

- Você não disse que não é por aqui?

- E não é!

- Então?

- Então que eu posso estar enganado.

- Como assim pode estar enganado?

- Posso estar enganado por que eu não sou da região!

- Você não é daqui?

- Não!

- Porque não me falou desde o começo?

- Sei lá achei que poderia ajudar!

- Como achou que poderia ajudar, nem conhece aqui.

- Claro que conheço!

- Não disse que não era da região.

- E não sou, mais já estou perdido aqui a tanto tempo que conheço algumas ruas!

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- Aí amor não precisava. – abrindo o presente. – Nem é nada hoje, nenhuma data festiva. Você andou aprontando alguma Adalberto?

- Não!

- Adalberto?

- Poh que desconfiança...

- Nunca se sabe. – disse já rasgando o papel de presente sem a calma que normalmente tinha. – Espera aí o que é isso?

- Um GPS.

- O que você ta querendo dizer com isso Adalberto?

- Nada!

- Como assim nada Adalberto, você me da um GPS de presente de não sei o que, e ainda vem dizer nada?

- Nossa só queria te agradar Luiza!

SILENCIO

- Você tava querendo dizer que eu sou perdida Adalberto?

- Não tem nada a ver amor...

- Diz aí, eu não vou ficar brava...

- Não...

- Fala...

- Ta bom foi por isso!

- Ahá! – gritou fazendo-o pular da cadeira. – Então realmente você estava me dando uma indireta!

- Não foi bem uma indireta...

- Foi uma direta mesmo né.

- Só acho que vai te ajudar.

- Quer dizer que agora então você acha que é uma doença, ser meio perdida é uma doença é isso?

- Não foi isso que eu quis dizer...

- Agora porque eu me perdi umas 5, 9 vezes, eu tenho que ser julgada.

- Eu não to te julgando, e foram muito mais de 9!

- Tudo bem eu me perdi algumas vezes, mais não quer dizer que eu precise de um troço deste... Eu só faço confusão quando são ruas muito parecidas.

- Então é nessa hora que ele vai te ajudar.

- Ainda por cima é um homem narrando? Eu não acredito. Não ACREDITO!

- O que?

- Pega esse negócio e suma da minha frente. E cuidado pra não se perder!

- Pode deixar que eu não vou me perder, além de não ser você que vai estar dirigindo, vou estar com um GPS!

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- Prepare-se para virar a esquerda em 100 metros. – disse uma voz toda sedutora saindo de um GPS.

- Ué resolveu conversar agora então.

- Prepare-se para virar a esquerda a 50 metros.

- Só fala pra dar ordem né!

- Vire a esquerda!

- Quer saber, cansei disso, não vou virar.

- Recalculando a rota!

- Quem disse que eu quero ir pro mesmo lugar.

- Rota recalculada, vire a direito no retorno a 500 metros.

- Eu não vou virar, cansei de ir onde você manda.

- Prepare-se para virar esquerda a 400 metros...

- Chegou a hora de você começar a me respeitar e aceitar minhas decisões.

- Prepare-se para virar esquerda a 300 metros...

- Não vou me preparar, até porque eu não vou virar. Chega. Eu sei pra onde eu vou, não preciso de você, só fala quando quer...

- Prepare-se para virar esquerda a 200 metros...

- Não adianta fazer essa voz, não vou virar...

- Prepare-se para virar esquerda a 100 metros...

- Sinto muito, mais espero que respeite a minha decisão.

- Prepare-se para virar esquerda a 50 metros...

- Não vou virar.

- Vire a esquerda!

SILENCIO

- De volta a rota de inicio. Siga reto e prepare-se para virar a direita a 800 metros!

- Eu só virei pra evitar discussão, não quero isso. Sei que as vezes parece que eu só estou te usando, mas é que quando escuto sua voz nos outros carros fico com ciúmes. Você me perdoa?

- Prepare-se para virar a direita a 500 metros!

- Uí vai me ignorar então, eu só te ameacei brincando, era brincadeira...

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Homem parado no meio da estrada pedindo carona, de repente alguém para.

- Opa valeu por ter parado amigão.

- Nada.

- Será que rola uma carona?

- Sim sim, entra aí!

- Mas pra onde você ta indo.

- Pra lá!

- Putz, eu to indo pra lá.

- Hum que pena!

- Será que não rola você ir pra lá?

- Oi?

- Não tem como me deixar lá?

- Mas eu acabei de vir de lá!

- Você não esqueceu nada lá? Carteira, alguma coisa pra entregar.

- Não!

- Tem certeza? Tenta puxar pela memória!

- Já falei que não, eu preciso ir, vai comigo?

- Você vai voltar?

- Não vou seguir...

- Então será que se eu não colocasse o dinheiro da gasolina não rolava você me levar lá?

- Oi?

- Se eu colocasse combustível você não dava uma carona pro outro lado?

- Você ta me achando com cara de táxi?

- Pera aí eu disse que ia colocar gasolina não que ia pagar a viagem, se fosse assim teria ido de ônibus.

- Você é muito desaforado, parei aqui na maior humildade pra ver se não estava precisando de uma carona...

- Mas eu to precisando!

- Então entra aí e vamos de uma vez! – já ligando o carro.

- Beleza obrigado. – disse já dentro do carro – muito legal da sua parte voltar tudo isso só pra me deixar lá!

- Mais eu não vou voltar! – desligando o carro.

- Não falou que ia me dar a carona.

- Desce do meu carro.

- Qual é o problema de voltar 15 Km?

- Sai do meu carro, seu lunático!

- Poh eu coloco a gasoli... – foi interrompido pelo som do pneu cantando, deixando-o comendo poeira.

- Nossa que mal educado. Isso que eu nem reclamei de estar entrando num carro velho. Falta de consideração!

Afonso Padilha
Enviado por Afonso Padilha em 22/08/2011
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