FILHO DE VENTO FURACÃO SERÁ...
Hoje, dentro do toalete dum shopping, presenciei uma cena um tanto interessante, quase didática eu diria, cena para educador delirar de satisfação quanto à certeza das suas orientações aos pais.
Dizem que um exemplo vale mais que mil palavras e quantas vezes já não vimos nossos filhos, ao menos quando eram pequeninos, esboçarem atitudes idênticas às nossas?
Pois é, e foi assim que aconteceu com ele, um garotinho de três anos, esperto que só ele, cuja mãe o levou consigo para o sanitário feminino daquele recinto.
Ocorre que ele observava aquele ventilador que enxuga as mãos, aquele ventinho que, sinceramente, me irrita muito.
Prefiro mesmo as toalhas descartáveis de antigamente.
Logo que a criança entrou ali começou a observar as pessoas lavando as mãos e as enxugando no secador.
"Mamãe o que é aquilo?" perguntou ele.
"É um secador de mãos , meu filho, faz um ventinho nas mãos da gente. Fique bem quietinho aqui que a mamãe já volta."
A tal mamãe toda elegante, cuidadosa, cheia de educação e cheia das "nove horas".
Num relance de segundos, enquanto a mãe retocava o batom numa ponta da pia, doutro lado ele disparou a torneira com as mãos, fez um esguicho, se molhou por inteiro, ao chão e a mim, e na ponta dos pés tentava se enxugar o corpo com estivesse numa máquina de secar.
E claro que estava.
Ali se via seus cabelos loirinhos todos esvoaçados e empinados, e ele a perder o fôlego com a força daquela ventania toda.
Parecia que andava de moto, ou quem sabe saísse dali voando..
"Mamãe, olha o ventinho...e é quentinho mamãe" dizia ele se divertindo muito.
Claro que parou a plateia toda dali, inclusive eu que, toda molhada, não acreditava no que via.
"Sai daí menino" dizia a mãe toda asssustada e sem graça-"isso é só para as mãos, não é brinquedo, seja educado, filho"- a pedir desculpa para todas nós que ali estávamos.
O menino saiu dali aos berros "quero mais ventinho mamãe, quero mais!".
Eu, a exemplo do garoto, até tentei, mas não consegui entrar dentro daquele secador para me secar.
Bem, crônicas a parte, de fato lá estava a moral da nossa história de pais: decerto que filho de peixe... peixinho será!", portanto, é melhor que prestemos bastante atenção a todas as nossas ventanias de pais...sob pena de futuros furacões sobre nossos filhos.