ÉS PÓ...

ÉS PÓ E AO PÓ RETORNARÁS...

Simples assim:

Baixam-se as cortinas

E naquele dia

O palco daquela vida se encerra...

No outro dia sobrará

Apenas uma urna

E dentro dela o pouco

Que ela voltou a ser... pó!

Apagam-se todos os pecados

Todos os erros vividos

Esquecem-se suas traições

E no imaginário geral

O pecador torna-se

O mais puro de todos os santos.

A sua alma vai direto pro céu

Diz o pastor, como se na vida

Aquele pecador tivesse

Passado ao largo de todos os pecados

O individuo jamais cometera qualquer deslize!...

Noventa anos foram vividos

E o defunto em sua rigidez cadavérica

Concorda com tudo passivamente

Ele também pensa que tudo aquilo

É apenas mais um dia de espetáculo

No circo que é a sua família

E manda ao cremador seu pedido:

- Prefiro a carne mal passada...

Enquanto a cortina baixa lentamente...

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12.08.11

(Esta foi uma cena vivida durante a cremação de alguém que eu conhecia)... Parece humor negro...

MARIO ROGERIO FEIJO
Enviado por MARIO ROGERIO FEIJO em 12/08/2011
Reeditado em 15/08/2011
Código do texto: T3155576
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