"A BURRA DE MINHA ESPOSA"

“A BURRA DE MINHA ESPOSA”

(Sátira gregoriomatiana)

Outro dia

Numa roda de intelectuais

Um daqueles dizia

Sob risos desiguais:

- A burra de minha esposa

Está pintada e não se cala

E de um jeito todo prosa

De verbosidade enche a sala.

Amigas que acompanham

Tantos impropérios para um dia só

Riem como em desdenho

E sem sentirem a mínima dó.

E eu todo só vergonha

Vejo-me virando pó.

- a burra de minha esposa

Está amarrada lá no quintal.

Antes ela fosse a mariposa

Pois não se pensa “a tal!”

E nem eu ouviria as mesmas prosas:

Baboseiras sem iguais.

- E aí, amigo João,

Vai fazer tal qual a Raimunda,

Que aonde vai fica muda

E sempre sai sisuda e sem bunda?!

- Oh, burros de vossas esposas!

Mentes iguais sempre se atraem.

Pensam que são velhas raposas,

Mas são pobres selas e nada mais!