Prosa Caipira. 20.( A Sucuri e o Boi Carrero)
A sucuri e o boi carrero.
Tem coisa qui ninguém cridita cuando eu falo. Mas é pura verdade!
Eu tava dando uma vorta no pasto mode verificá a cerca da minha propriedade... e cuando é fé vi uma cena qui eu fiquei apavorado!
Na lagoa donde o gado bebe água, eu vi um dos meus boi carrero, o mais forte deles, o bicho tem uma força discumunal e se dexá puxa o carro de boi inté sozinho.... brigano cuma sucuri!
A sucuri pegô meu boi pelo fucinho cuando ele bebia água na lagoa e o meu boi carrero afastava mode se livrá dela... mas ela inrolô o rabo numa árvi e tentava puxá ele pra dentro da lagoa... e o boi afastava puxano a sucuri e a disgraçada num largava o meu boi de jeito ninhum...
Eu fiquei apavorado! Num tinha uma garrucha, uma foice, um machado, nada, nada pra mode matá a sucuri... e ela levava meu boi inté a beira da lagoa mode inroscá nele e ele voltava cum ela isticano a danada que a bichinha ficava fina iguar uma linguiça e ela vortava cum meu boi pra beira da lagoa e eu sem sabê o que fazê!
Intão me veio uma idéia! Eu tinha apenas meu canivetinho de picá fumo mode fazê meu cigarrinho de páia... tirei meu canivetinho e aproximei da sucuri... cuando meu boi carrero isticô ela que a bicha fico fina iguar uma línguiça eu passei meu canivetinho bem perto da cabeça dela... cortei a danada duma veiz só... mais qui eu sarvei meu boi carrero eu sarvei!
Se alguém vê uma sucuri sem cabeça andando por aí pode tê certeza que é a da minha fazenda e a cabeça dela está pindurada no meu curral pra todo mundo vê!
Fim.