UM AMOR INEXISTENTE
Lendo o texto “A BATIDA” do Silveira, amigo escritor do recanto ,
tive que discordar da forma exagerada como o autor colocou o inte-
resse dos homens brasileiros pelo automóvel, até parece que existem homens que chegam a trocar mulheres por carros, (ta bom, não é politicamente correto, mas se não o for, não tem a menor graça).Hoje,
ter um carro, é muito mais que um luxo, é sim uma necessidade.Vejam
o meu caso, tenho dois carros, um fusca 65 (raridade) e um Renault Megane (utilíssimo, com um baita porta-malas), para o dia a dia, am-
bos comprados com muito sacrifício. Lembro-me que vendi um violão espanhol que recebi de herança do meu avô, coitado dele, nutria pelo instrumento, verdadeira paixão, e ainda umas jóias da minha avó, essa ainda viva, aliás, para essa venda foi preciso muita conversa para convencer a “velha”, da minha extrema necessidade. Todo o dinheiro arrecadado com essas vendas foi para a compra do fusca. Falando
assim, fica a impressão de tratar-se de um mero capricho meu, afinal,
qual a importância que pode ter um carro velho? Mas o carro é uma raridade de fato, lindo, todo original. Ainda não consegui andar com o “danado”, faltam algumas peças, mas logo, logo o "bicho" vai está em “ponto de bala”.Voltando ao Raymundo, essa coisa de “briga de trânsito“, parece-me muito mais acontecer pela falta de Educação
das pessoas do que propriamente por apego ao veículo. É fácil obser-
var como os pedestres, por exemplo, não respeitam os carros, atra-vessando em qualquer lugar, correndo o risco de atropelamentos e
principalmente, de danificar os veículos alheios. Uma oficina hoje cobra os “tubos” por um reparo qualquer. E a limpeza desses hospitais vei-
culares, é um absurdo. O carro sai completamente sujo, não existe
um mínimo de higiene. Fico doente só de pensar em levar um dos meus “manos” (apelido carinhoso que dei aos meus amigos, digo, carros),para um desses verdadeiros açougues de automóveis. Tem
também esses maus motoristas, que por não terem um mínimo de
carinho com os seus “possantes”, desrespeitam os colegas motoristas colocando em risco a vida dos pobres carrinhos. O Raymundo é, sem sombra de dúvida, um grande escritor, mas às vezes “viaja” demais
no imaginário. Não tive a curiosidade de pergunta-lo, mas tenho cer-
teza que ele não deve ter um carro. Parece-me ser o tipo de homem,
que apesar de sensível, não consegue enxergar a importância de um
círculo de borracha sob um bem traçado quadro de arte em forma de carroceria, emoldurada nos mais requintados detalhes de acabamento.
Meu amigo Raymundo, continuarei a ler os seus textos, mas por favor,
não fale em amor exagerado por automóveis, isso não existe, pura criati-vidade imaginativa sua. Fico por aqui, prometi acompanhar minha sogra durante 2 anos nas compras do supermercado, recebendo pagamento
por isso, é claro, afinal, ainda não paguei totalmente meu “mano” Renalt.