Sapatos Fechados- Uma história de Luta
Alguns fatos históricos se perderam no tempo. Não que eles tenham ficado por aí, apenas ninguém se lembra deles, o que seria um fato triste para aqueles que o construíram, isso se eles estivessem vivos, claro.
Então, nesse mundo disconhecido de fatos históricos obscuros e textos de humor nonsense barato, no fundo dum baú escondido no meio de texto eróticos e letras de funk barato, foi encontrado um acontecimento épico, a Guerra dos Sapatos Fechados.
Tudo começa no dia 25 de Agosto de 1852, dia marcado por um sermão do padre Lutorico Lutórico na cidade de São Lorenzo de Ipataquara, homem considerado amargurado e seco por muitos que declararam em época de sua vida (outros apontam tal personalidade a escolha de seu nome). Segue a baixo o sermão ministrado por ele:
"Sendo assim, ou peço que assim seja, eu, Padre autorizado pelo Vaticano e auto-proclamado acebispo de vossa região, visto tais agressões a moral e vida ética de nossa sociedade aqui, digo, em nome do Senhor e do vosso amor, em nome do meu parco orgulho e vida dedicada a tudo que disse antes, que pés descalços são condenáveis. Pés são objetos íntimos e de necessidade a locomoção e vida agradável, assim sendo, ninguém deveria mostrar vossos pés e ter cuidado ao falar deles, objetos tão necessários estes que devem ter cuidado divino. Aqueles que tem pretos, procurái agraciar as almas destes e cobrir vossos pés com panos, aqueles que tem filho, procurái calçar os pés deles com sapatos fechados, aqueles que são sapateiros, procurái fazer preços mais baixos e liquidações com parcelas de 12 vezes sem júros"
Então, nesse rápido sermão, onde ele apenas queria condenar algo comum, nasceu a semente da discórdia. Membros da tribo Tupinambá se negaram a seguir tais regras, já os brancos decidiram seguir a risca a ordem. Sendo assim iniciou-se a perseguição a Tupinambás discalços. Os indíginas diziam ao seu favor que pé de índio é livre, pé de índio gosta de ar fresco, pé de índio tem vontade própria e quer ficar fora de sapato. Os brancos, como resposta, escreveram uma rápida música para ser cantada em rítmo lusitano:
"Pé deve ser coberto
Pé não pode ficar fora
Pé que fica a céu aberto
Pode ficar com cantapora"
A maioria concordou que a música era horrível e as rimas ridículas, então concordaram em apenas dizer "pés de índios são feios, não gostamos deles, então cubra-os e poupem-nos de vossos joalhetes e calos".
E nesses ataques por meios de palavras e rimas pobres nasce a resitência dos decalços. A princípio sua intenção era apenas a de garantir o direito de serem descalços, depois evoluíram para ideais de domínio dos descalços e poder dado ao sem-sapato mestre. Na verdade as tensões cresceram após a captura do filho do chefe.
Enquanto o jovem e forte Tupinambá andava pela ruas exibindo seus fortes e elegantes pés um grupo de fiscais da cidade o prenderam e colocaram um sapato esfarrapado nos pés deles e amarrando bem para que não tirasse eles dos pés. Diz-se a história dos habitantes que o jovem tupinambá saiu gritando algo em sua lingua nativa que soava como "Vão se f****, bando de FDP", já o jornal da cidade publicou que ele saiu dizendo algo como "Uau, mas que lindos mocassins, vou espalhar para a tribo como sapatos fechados são legais".
Tal ataque a seu único e querido filho atiçou a ira do chefe. O curandeiro da tribo tentava ser paciente, explicando para o chefe que a amputação dos pés do seu filho era algo muito improvável, mas o chefe queria apenas planejar um ataque como vingança. Com a chamada de mais índios, pequenos ataques para chamar a atenção dos brancos, armou-se uma grande batalha. Os brancos já sentiam o cheiro de tensão no ar e começaram a segurar suas botas prontas para atacar, os índios coletavam uhnas e pedaços de madeiras.
[CONTINUA]
Ficou muito grande para ler tudo em um desktop.