Tudo que é bom dura pouco...

Enfim, domingo! Nunca rezei tanto para que Deus prolongasse as horas, mas Ele nem sequer ouviu as minhas preces. Deu 13h. Eu e minha amiga voltamos a ser abóboras. O encanto acabou e nem sabemos onde foram parar os nossos sapatinhos de cristal! Com a maior cara de enterro rumamos para a portaria do hotel 5 estrelas, a fim de esperarmos uma bendita Van que nos transportasse para a rodoviária do Rio de Janeiro. Um calor simplesmente insuportável. Mais que 40º C., na sombra. E as duas pamonhas ali, na esquina da portaria, de frente para pista, dando sinal para que pelo menos uma das inúmeras conduções parassem.

Todas passavam lotadas dando sinal de luz. Que pobreza!!!

Pensamos na possibilidade de um táxi, mas quando vimos o preço, quase enfartamos!

A resposta foi não. E dá-lhe calor !!!

Depois de vinte minutos de tortura, a resposta foi... sim! Juntamos nossos últimos centavos que, diga-se de passagem, foi a coisa mais certa que já fizemos na vida. Não aguentaríamos uma hora e meia de viagem, espremidas numa Van superlotada daquelas, e ainda sem ar condicionado! Tem coisas na vida que não tem preço. Aquele taxi abençoado foi uma delas.

Enfim, a volta! Chegamos a rodoviária do Rio de Janeiro com quase duas horas de antecedência, pois prometemos ao nosso chefe que estaríamos no trabalho às 7h, em ponto, na segunda-feira. Pelos nossos cálculos, chegaríamos quinze para sete na rodoviária de Bauru.

Tempo de sobra. O problema é que na hora de entrar no ônibus, o motorista olhou para nossa cara e disse: “Essas passagens são para amanhã, infelizmente vocês não poderão embarcar, pois esse ônibus está lotado.” Só não desmaiamos porque o chão estava uma imundície.

Imploramos ajuda. Chegamos a propor que viajássemos onze horas em pé ou mesmo dentro do bagageiro, mas não poderíamos perder o emprego. Ainda mais o chefe sabendo que o último dia no Clube Med seria o melhor: Luau e Micareta! Ele jamais acreditaria naquela fatalidade, mesmo sendo comprovadamente verdadeira. Pensaria, com certeza, que fizemos tudo aquilo de caso pensado.

Depois de muito choro o motorista conseguiu dois lugares, com muito custo naquele ônibus.

Eu fiquei tão entusiasmada que nem pensei que aquele calor insuportável poderia, em pouco mais de uma hora de viagem, transformar-se num inverno congelante do Alaska. Deitei meu banco e me encolhi na poltrona do lado da janela. Dali quarenta minutos acordei. Quase com hipotermia. Enquanto eu tremia feito vara verde, a Sandra brigava com o passageiro de trás que estava empurrando o seu banco compulsivamente, percebendo depois de uns vinte minutos que o banco é que estava com defeito. O coitado do cara, do banco de trás, era totalmente inocente.

Que situação! Enquanto eu ria dela, que parecia estar num poleiro na vertical, ela ria de mim que parecia estar dentro de um freezer na horizontal. Por fim, um moço que estava sentado ao meu lado ficou com dó e me cedeu sua blusa flanelada. Aceitei de imediato, sem sequer mencionar aquela educada e famosa palavrinha: “Imagiiiinaa”.

A egoísta da Sandra, além de me fazer trocar de banco com ela, insinuou para que eu trocasse a blusa do rapaz pela dela que nem forro tinha. Aí eu fiquei nervosa: “Tá bom que eu vou trocar... pode até me mandar embora (já que ela era a minha chefe), faça o que você quiser, sua egoísta! Eu é que não vou trocar m.... nenhuma!!!”

E foi só risada no ônibus. ..

No meio do caminho, o motorista ainda passou direto numa cancela de pedágio e quase derrapou o “busão” no asfalto. Após o susto, chegamos sãs e salvas ao nosso mundinho real, onde tudo é cronometrado, planejado e previsível!

Ai... ai... tudo que é bom dura pouco!