Alegria de pobre dura muito pouco...

Eu e minha amiga Sandra ganhamos um final de semana prolongado, com todas as despesas pagas, em Angra dos Reis. “Club Med, Rio das Pedras.” Fui milionária por quatro dias e agora já posso morrer em paz: plantei árvores, tive filhos, escrevi um livro e me hospedei num hotel luxuosíssimo, pelo menos uma vez na vida! Daqui para frente, o que vier é lucro!

Então, como eu ia dizendo, nesses quatro dias não poderia deixar de acontecer meus famosos “micos”, aliás, sou perita nesse assunto! O primeiro deles já aconteceu na quinta-feira, dia em que a última coisa que me lembrei foi de passar protetor solar antes de me “acabar” na aeróbica dentro da gigantesca piscina do clube. Resumindo a ópera, passei boa parte daquela noite gemendo na enfermaria do hotel, quase irmã gêmea da pantera cor-de-rosa! Mas tudo bem, a dor foi o de menos. O pior aconteceu no segundo dia, que ao tomar um banho após um mergulho no mar, quase fui torrada embaixo do chuveiro. A água esquentou tanto que praticamente saia apenas vapor das duas temperaturas (quente e fria). A Sandra, diga-se de passagem, sabe-se lá onde estava, pois nas horas que mais preciso dela, a garota evapora, como a água do maldito chuveiro.

Então, lá se foi a pantera cor-de-rosa ligar na recepção do hotel para informar o tal problema. Até que foi bacana perder 40 minutos por dia naquele paraíso, ligando de cinco em cinco minutos para a recepcionista e dizendo: “Oi, aqui é do 301... Oi sou a hóspede do 301... Por favor, sou do quarto 301...” Coisa mais chique isso!

Ligava mesmo! Ligava para perguntar as horas, para saber da programação, para ser informada sobre o cardápio. A moça, coitada, já não aguentava mais! Quando eu falava: “Oi”... ela já respondia: “Olá, é a moça do 301?!” E eu nem ligava. O fato é que dessa vez a coisa era séria. Depois que expliquei o problema ela me informou a solução:

- Aguarde alguns minutos, senhora! Mandarei um bombeiro para detectar o problema.

Entrei em pânico. Um bombeiro no meu quarto para consertar o meu chuveiro?

Afff... isso era o máximo do poder!!! Corri colocar uma roupa, pentear os cabelos (porque estava parecendo uma bruxa), recolher as bagunças da Sandra esparramadas pelo chão...

Abri a porta do quarto para esperar a visita do tal bombeiro. Imaginei aquele homem alto, dois metros de altura, bronzeado, de farda, chegando com o extintor nos braços e perguntando: “Tem alguma coisa pegando fogo por aqui???”

Fala sério, jamais teria coragem de nada além de um simples: “Fique a vontade”, mas pensar... uhuuuuu isso não é pecado nenhum! Fantasias e mais fantasias povoavam minhas ideias...

A verdade é que fiquei do lado de fora do quarto por mais de trinta minutos e nada das botas apontarem no topo da escada. Resolvi ligar novamente para a recepcionista pedindo explicação pelo atraso do bombeiro.

Querem saber a resposta? Lá vai:

- Boa tarde senhora, o problema já foi resolvido há mais de vinte minutos. Pode testar.

- Mas... e o bombeiro???? – perguntei decepcionada.

- Já enviamos o bombeiro para inspecionar as caldeiras do hotel, senhora. Aqui no Rio de janeiro chamamos o encanador de bombeiro. – respondeu a desgraçada segurando um riso abafado.

Diante do “mico” nem a água gelada acalmou as minhas gargalhadas que ecoaram por todo o clube. Realmente o ditado popular é verídico: “Alegria de pobre dura pouco... muito pouco”.